MÚSICA
Vivendo do Ócio e +: cidade na Bahia recebe festa com shows gratuitos
Evento faz da região sudoeste o epicentro da música independente neste fim de semana

Por Maiquele Romero*

Em sua 15ª edição, o Festival Suíça Bahiana (FSB), em Vitória da Conquista, se consolida como um dos principais eventos da cena independente brasileira. Sábado, 18, e domingo, 19, o Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima será palco de mais de 20 apresentações gratuitas, entre artistas consagrados, novos nomes e uma atração internacional.
Sob o lema “Enquanto houver som”, o evento reúne artistas de diferentes regiões e estilos: Orquestra Conquista Sinfônica com Elomar, Tiquequê, Black Pantera, Nenhum de Nós e Vivendo do Ócio são algumas das atrações da programação, que inclui ainda o nigeriano ChingyKlean, trazendo o afrobeat da Nigéria.
Além disso, este ano, o festival recebeu mais de 300 inscrições de artistas do Brasil e da América Latina, um recorde que confirma seu alcance nacional. Entre os dez selecionados por edital estão Jambu (AM), Bione (PE), Flor ET (RS), Laiô (BA), Oderiê Y As Flechas (BA) e Kidsgrace (DF), representantes de uma nova geração de sonoridades independentes.
Criado em 2010, o Coletivo Suíça Bahiana celebra também seus 15 anos de atuação. Gilmar Dantas, idealizador do FSB, resume a resistência com propósito como maior aprendizado: “fazer um festival independente por tanto tempo, em uma cidade do interior da Bahia, exige mais do que paixão pela música. Exige criar redes, dialogar com o poder público, com os artistas, com o público e com o próprio tempo”.
“Aprendemos que independência não é isolamento, é construção coletiva. E que a cultura, quando tratada com seriedade e afeto, transforma territórios e gera pertencimento”, afirma o produtor. A curadoria reflete o que há de mais pulsante na nova música brasileira, sem perder de vista diversidade, ancestralidade, sustentabilidade e inovação estética.
O festival busca democratizar o acesso à cultura e promover a diversidade musical. Como resultado, em 2024, recebeu o Selo IGUAL, do Women’s Music Event (WME), que reconhece iniciativas comprometidas com a equidade na música.
“Desde 2018, o festival adota políticas de paridade de gênero nos palcos e nas equipes técnicas, estimula a presença de mulheres na produção e dá visibilidade a artistas LGBTQIAPN+. Também promovemos debates e formações sobre equidade no campo musical, e buscamos garantir condições de trabalho e acolhimento seguras para todas as pessoas envolvidas”, explica Gilmar.
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Do rock baiano ao afrobeat
Entre as atrações deste ano, a banda Vivendo do Ócio representa o vigor do rock baiano dentro da diversidade sonora do festival. Ao refletir sobre o lema “Enquanto houver som”, o baixista Luca Bori traduz o sentimento que une artistas e festivais independentes: “Eu penso muito em resistência e também na nossa trajetória como banda, são 19 anos de Vivendo do Ócio, a gente viu muita coisa mudar: na forma de se consumir música, na forma de se comunicar, no mercado… mas se tem uma coisa que continua igual é a nossa vontade de seguir em frente e continuar com a nossa música”.
A banda Jambu, de Manaus, chega pela primeira vez ao festival trazendo um rock cheio de brasilidade. “A gente acima de tudo faz rock brasileiro. E como o Brasil tem diversas sonoridades, o nosso rock é diverso, experimental, pop, dançante, feliz e melancólico ao mesmo tempo”, explica Yasmin, vocalista e baterista da banda.
O grupo celebra também o fortalecimento da cena manauara no circuito nacional. “Isso é um orgulho que vai muito além da gente, vai pra outros artistas que vieram antes de nós e mantiveram o caminho aberto na marra e outros que estão surgindo”, diz o baixista Guga.
A pluralidade musical também ganha força com ChingyKlean, artista nigeriano radicado no Brasil, que leva ao palco uma fusão entre ancestralidade e contemporaneidade. “As cenas independentes da Nigéria e do Brasil compartilham uma força muito parecida: ambas são ricas em influências afro e cheias de ritmo, identidade e resistência cultural”, afirma.
Para todas as idades
O Festival não esquece o público infantil. Além do espaço kids, o duo Tiquequê traz um show pensado especialmente para as crianças, inserido em um espaço seguro e lúdico que permite que famílias aproveitem a programação juntas.
“A arte voltada para as crianças costuma ocupar espaços menores, com menos visibilidade e oportunidades de mostrar suas composições e criações. Por isso, consideramos esse gesto do Festival Suíça Bahiana muito corajoso e necessário, por reconhecer a importância da infância dentro da cena musical”, comenta Diana Tatit, do Tiquequê.
Ao celebrar 15 anos, o Suíça Bahiana reafirma seu papel como um dos pilares da música independente brasileira, um espaço onde diferentes vozes encontram eco e pertencimento.
Como resume Gilmar: “Depois de tantas mudanças no cenário cultural, cortes de recursos e desafios coletivos, o som foi o que sempre nos manteve de pé. Enquanto houver som, haverá encontro, arte e futuro”.
Festival Suiça Bahiana / Sábado (18) e domingo (19) / Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima (Vitória da Conquista) / Ingressos: Sympla
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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