POLÍCIA
Ação na Bahia mira braço do CV associado a facção alvo de megaoperação no Rio
Ação coordenada em cinco cidades baianas e no Ceará mirou núcleo armado e financeiro da facção

Por Luan Julião

A Polícia Civil da Bahia deflagrou, nesta terça-feira, 4, a Operação Freedom, com o objetivo de desarticular o núcleo armado e financeiro de uma organização criminosa oriunda do Rio de Janeiro que atua em território baiano. Segundo o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, o grupo é um braço associado à facção carioca Comando Vermelho (CV), que foi alvo da megaoperação Contenção, realizada na semana passada no Rio.
“Na verdade, a facção que hoje foi alvo aqui da operação da Polícia Civil, da Operação Freedom, é uma facção associada, um braço associado à facção que foi alvo no Rio de Janeiro, né? Isso aí a gente pode, sim, afirmar. E, logicamente, essa é a vinculação, a ligação que eles têm”, afirmou o secretário.
Ação simultânea na Bahia e no Ceará
A ação ocorreu de forma simultânea na Bahia e no Ceará, com o cumprimento de 37 mandados de prisão, quatro deles acompanhados de flagrante por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Em Salvador, 34 suspeitos foram presos nos bairros da Liberdade, Uruguai, Pernambués, Narandiba e Areia Branca. Outro alvo foi localizado em Aratuípe, no interior do estado, e dois suspeitos foram capturados em Eusébio, no Ceará.
Durante a operação, um dos investigados reagiu à abordagem policial no bairro do Uruguai, em Salvador, e foi baleado. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Geral Ernesto Simões Filho, mas não resistiu aos ferimentos.
Entre os presos no Ceará estão Luís Lázaro Santana Alves, conhecido como LL, apontado como liderança do Comando Vermelho em bairros de Salvador, como Calçada, Uruguai, Liberdade e Lapinha, e sua esposa, Marielle Silva Santos, responsável pelo controle financeiro da facção.

Ao todo, 46 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, além do bloqueio de 51 contas bancárias ligadas ao grupo. Armas, drogas e documentos foram apreendidos.
De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o material coletado deve contribuir para a elucidação de cerca de 30 assassinatos ocorridos na capital baiana.
“Mas destaco: o mais importante foi a ação coordenada em cinco cidades da Bahia e do estado do Nordeste. As 36 pessoas que foram alcançadas, armas, drogas apreendidas, bens e, enfim, outros documentos e celulares que, com certeza, gerarão mais investigações, eventualmente em outras fases, para serem deflagradas essa operação, inclusive em outras localidades e outras cidades”, ressaltou Werner.
Relação com a megaoperação no Rio
A Operação Contenção, realizada no dia 28 de outubro, teve como foco as comunidades do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e foi a mais letal da história do estado, segundo o governo fluminense. O balanço oficial apontou 121 mortos, sendo 117 suspeitos e quatro policiais, além de 113 prisões e 91 fuzis apreendidos.

Moradores relataram que pelo menos 74 corpos foram reunidos na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, principal via da região.
Durante a operação, 12 dos mortos eram da Bahia, entre eles Mazola, articulador do Comando Vermelho em Feira de Santana, e 13 baianos foram presos em território fluminense.
“O que eu posso destacar é o trabalho que a gente vem realizando desde a gestão de combate às facções, de aumento do número de armas e drogas apreendidas no nosso estado. E, não por menos, a gente teve na operação do Rio de Janeiro muitos baianos lá. Eu destacava a quantidade de pessoas que a gente alcançou de lideranças”, disse o secretário.
Avanço da facção e combate interestadual
A Polícia Civil do Ceará aponta que o Comando Vermelho tem expandido sua atuação no estado, movimentando recursos do tráfico de drogas e recrutando integrantes locais.
Para Marcelo Werner, a integração das forças de segurança entre os estados é fundamental para conter essa expansão.
“São 170 lideranças alcançadas, metade delas em outros estados da Federação. Isso mostra que a gente vem aqui, sim, fazendo o nosso dever de casa: fortalecendo a investigação, as ações de repressão e de prevenção, através da Polícia Militar e da Polícia Civil.”
“Logicamente, a gente acompanha e vai continuar fazendo operações dessa natureza em todo e qualquer bairro, em toda e qualquer cidade, em todo e qualquer local que a gente identifique ser, primeiro, um local onde a facção quer empreender o medo e a violência à comunidade.”
“A gente tem trabalhado com isso, tem trabalhado para reduzir os índices criminais, como a gente vem realizando nos últimos três anos e meio, e esse é o caminho a ser seguido.”
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