ERRO MÉDICO
Caso Benício: técnica teria alertado colega sobre uso de adrenalina
Menino de 6 anos morreu após receber medicação na veia

Por Luiza Nascimento

A técnica de enfermagem Rocicleide Lopes de Oliveira, afirmou, em depoimento à Polícia Civil nesta sexta-feira, 5, que alertou a colega Raiza Bentes Paiva a não aplicar adrenalina na veia de Benício Xavier. O menino de seis anos morreu em 23 de novembro.
Rocicleide disse que o aviso surgiu ao perceber que seriam utilizadas 3 ml do medicamento, volume que considerou alto, pois só constuma ser utilizado em casos de parada cardiorrespiratória. A profissional afirma que a dose prescrita deveria ser feita por nebulização, e por isso ela chegou a preparar o kit e deixar a medicação separada para uso inalatório.
Segundo a técnica, Raiza teria entendido a orientação. No entanto, ela não acompanhou a administração do remédico, pois foi à ala de ginecologia e obstetrícia, onde estava de plantão. Em seguida, ela foi chamada pela colega, que teria relatado o ocorrido:
“Roci, eu fiz a medicação EV (administração pela veia)… ele foi ficando branco”.
De acordo com Rocicleide, Raiza já havia sido transferida de outro plantão após atritos com a equipe por "não gostar de receber orientações”.
Além disso, a técnica afirma que pela sua experiência, interpretou que a médica pretendia a via por nebulização, não intravenosa. A depoente disse ainda que o hospital oferece treinamentos de protocolos de segurança, e que estranhou Raiza ter afirmado que não havia protocolos implementados.
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Outra técnica afirma já ter recebido prescrição duvidosa
Outra técnica do hospital, Nilda de Souza Evangelista contou que não presenciou Raiza pedir ajuda para confirmar a via ou a dose da medicação antes da administração.
No entanto, ela diz já recebeu uma prescrição duvidosa e procurou o médico para correção, mas não se recorda se a situação ocorreu sob plantão da médica Juliana Brasil.
Nilda afirma que a médica estava na sala durante o atendimento, mas não se lembra de tê-la visto executando alguma conduta direta no paciente naquele momento.
Registro profissional suspenso
Raiza Bentes teve o exercício profissional suspenso pelo Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM), na segunda-feira, 1º.
Médica confessou erro
A médica Juliana Brasil confessou ter errado na recomendação que causou a morte de Benício.
“O paciente desmaiou. Pelo amor de Deus. Eu errei a prescrição. Prescrevi inalação com adrenalina e acabaram fazendo ‘ev’ (endovenosa). O paciente está passando mal, ficou todo amarelo. Pede para alguém da UTI descer. Urgente”, disse médica em prints obtidos pela polícia.
A mãe do menino acusa a médica de negligência e afirma que a mulher utilizava o telefone celular de forma exagerada. A atitude gerou suspeita aos familiares, que acreditam que ela não sabia como agir.
Morte de Benício
A criança foi a óbito em 23 de novembro, após receber uma dose de adrenalina em um hospital particular de Manaus (AM).
O menino foi levado à unidade de saúde devido a uma tosse seca e suspeita de laringite. No local, a profissional recomendou uma lavagem nasal, soro e três doses do medicamento na veia, de três miligramas cada, a cada 30 minutos.
As recomendações foram seguidas pela equipe de enfermagem. No entanto, a dosee foi fatal para a criança.
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