RIO DE JANEIRO
Mais da metade dos mortos em megaoperação no RJ eram de fora do estado
Levantamento da Polícia Civil revela que 33 suspeitos não tinham o nome do pai no registro e que a maioria era de traficantes vindos de outros estados

Por Beatriz Santos

A lista de mortos da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, mostra um retrato inédito da expansão do crime organizado no país.
Segundo a Polícia Civil, mais da metade dos suspeitos mortos eram de fora do Rio de Janeiro, o que indica a presença de criminosos de outros estados nas comunidades cariocas, consideradas bases estratégicas do Comando Vermelho.
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O levantamento, divulgado nesta semana, aponta ainda que 33 mortos não tinham o nome do pai no registro de nascimento, com idades entre 14 e 54 anos. Entre eles, estavam líderes de facção identificados pela polícia em estados como Bahia, Goiás e Amazonas.
Origem dos mortos
A origem dos mortos foi distribuída da seguinte forma:
- Rio de Janeiro (42)
- Pará (17)
- Bahia (12)
- Amazonas (10)
- Goiás (7)
- Ceará (4)
- Espírito Santo (3)
- Paraíba (2)
- São Paulo (1)
- Mato Grosso (1)
- Maranhão (1)
- Distrito Federal (1)
Outros dois nomes ainda aguardam confirmação pericial, um deles, possivelmente da Bahia, conforme investigadores.
Crimes e histórico dos envolvidos
As investigações apontam que parte dos mortos possuía antecedentes criminais por homicídio, organização criminosa, associação para o tráfico, lesão corporal, ameaça, estupro coletivo e porte ilegal de arma.
O mais novo entre os mortos era um adolescente de 14 anos, ligado ao tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil. O envolvimento dele foi identificado por meio de análises de redes sociais.
O jovem era investigado por um fato análogo a estupro de vulnerável em Queimados, na Baixada Fluminense, ocorrido em 2024, quando a vítima e os autores tinham 13 anos.
Novas operações previstas
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, dez novas operações semelhantes estão previstas no estado, com autorização judicial já concedida. As ações devem atingir favelas com forte presença de facções, como Rocinha, Cidade de Deus, Complexo da Maré e Complexo de Israel (Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta).
O plano inclui ainda operações voltadas à região de Jacarepaguá, considerada prioritária na retomada de territórios e uma das mais afetadas pela expansão do Comando Vermelho. As iniciativas também devem atingir a estrutura financeira das quadrilhas e empresas usadas para lavagem de dinheiro.
MPF retoma participação nas investigações
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, nesta quinta-feira, 6, que o Ministério Público Federal (MPF) poderá acompanhar a apuração da operação que deixou ao menos 121 mortos.
Na quarta-feira, entidades de direitos humanos haviam cobrado do ministro Alexandre de Moraes a revisão da decisão que excluía o MPF do caso, alegando risco à transparência e ao cumprimento de normas internacionais.
As instituições pediram investigações e perícias independentes e imparciais, além do arquivamento de inquéritos abertos contra familiares das vítimas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) segue acompanhando o caso e determinou a preservação das provas.
A conselheira Fabiana Costa de Oliveira Barreto, que havia inicialmente barrado a atuação federal, reconsiderou a decisão após recurso apresentado pelo procurador-regional dos Direitos do Cidadão adjunto, Júlio José de Araújo Junior.
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