FÁBRICA DE MILAGRES
Call center do pecado: pastor cobrava Pix em troca de milagres
Investigação aponta que a quadrilha movimentou mais de R$ 3 milhões em apenas dois anos.

Por Jair Mendonça Jr

Batizada de "Blasfêmia", a operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu uma grande e complexa rede de fraude religiosa, com sede de operação localizada na cidade de Niterói.
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Segundo as apurações, Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. e que agora enfrenta acusações formais, é o principal suspeito de comandar um esquema que explorava a fé de milhares de pessoas em todo o país, prometendo milagres e curas em troca de pagamentos via Pix.
A investigação aponta que a quadrilha movimentou mais de R$ 3 milhões em apenas dois anos.
Funcionamento do Golpe
Longe de ser uma instituição de caridade, a central de atendimento funcionava com a estrutura e as metas de uma empresa profissional. Dezenas de operadores, recrutados pela internet e sem qualquer formação teológica, eram treinados para se passar pelo líder religioso.
Eles usavam áudios gravados previamente para prometer bênçãos e intervenções divinas, condicionadas ao depósito de valores que iam de R$ 20 a R$ 1,5 mil, dependendo da "importância" da oração solicitada.
A equipe trabalhava em turnos e tinha alvos de arrecadação diários; quem não alcançava a quantia estipulada era demitido.
Para lavar o dinheiro e fugir das autoridades, o grupo utilizava uma intrincada rede de contas bancárias em nome de terceiros e empresas de fachada, o que dificultava o rastreamento das transações.
Descoberta e consequências
O esquema veio à tona em fevereiro, quando a polícia flagrou 42 pessoas trabalhando no local durante uma incursão. A ação resultou na apreensão de dezenas de celulares, notebooks e mais de uma centena de chips de telefonia, que revelaram a verdadeira dimensão da fraude.
Como resultado da investigação, o pastor e outros 22 envolvidos foram indiciados. A Justiça, por sua vez, determinou que o líder religioso usasse uma tornozeleira eletrônica e ordenou o bloqueio de seus bens, como medida cautelar.
As autoridades continuam a trabalhar para identificar outras vítimas e apurar a extensão total dos prejuízos causados.
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