POLÍTICA
Anistia: militares receberam perdão de JK por tentativa de golpe
Proposta foi apresentado por deputado federal baiano

Por Cássio Moreira

Milhares de pessoas foram às ruas, neste domingo, 21, contra os projetos que versam sobre a anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Entre as propostas debatidas, está a redução de pena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes das Forças Armadas que faziam parte do chamado 'núcleo 1' da trama golpista. Em 1956, outros militares foram anistiados pelo então presidente Juscelino Kubitschek (PSD*).
O que aconteceu?
Ex-governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente em 1955. Na época, o Brasil já vivia um cenário de instabilidade política - no anterior, o presidente Getúlio Vargas, já sob pressão dos militares, acabou tirando a própria vida. Para assumir o cargo, JK, como era conhecido, contou com o apoio do marechal Henrique Teixeira Lott, um legalista dentro das Forças Armadas, que deu um 'contragolpe' nos colegas de farda insatisfeitos com o resultado das eleições.
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JK assumiu a presidência da República em 31 de janeiro de 1956, tendo João Goulart (PTB*) como vice. Já no poder, o presidente teve que lidar com uma nova rebelião no primeiro mês de governo.

Oficiais da Aeronáutica assumiram uma base da Força Aérea no estado do Pará, mas o movimento foi novamente combatido. Meses depois, o presidente novato, em um gesto de pacificação, pediu que o Congresso discutisse um perdão para todos os militares envolvidos nas revoltas de teor golpista de 1955 e 1956.
Deputado baiano
Foi de autoria do baiano Vieira de Melo (m.1970) o Projeto de Decreto Legislativo 46/1956 (PDC 46/1956), que anistiou todos os militares envolvidos nos dois episódios: a tentativa de golpe que antecedeu a posse de JK e a intentona de janeiro de 1956.
"CONCEDE ANISTIA A TODOS OS CIVIS E MILITARES QUE, DIRETA OU INDIRETAMENTE, SE ENVOLVERAM NOS MOVIMENTOS REVOLUCIONÁRIOS OCORRIDOS NO PAÍS, A PARTIR DE 10 DE NOVEMBRO DE 1955 ATÉ PRIMEIRO DE MARÇO DE 1956", diz o PDC apresentado pelo deputado baiano na época.
Aprovado o projeto, foi publicado o decreto em maio de 1956, assinado pelo então vice-presidente do Senado Federal, Apolônio Salles, que exercia a presidência da Casa em caráter especial.
Art. 1º É concedida anistia, ampla e irrestrita, a todos os civis e militares que direta ou indiretamente, se envolveram, inclusive recusando-se a cumprir ordens de seus superiores, nos movimentos revolucionários ocorridos no País a partir de 10 de novembro de 1955 até 1º de março de 1956, ficando em perpétuo silêncio quaisquer processos criminais e disciplinares relativos aos mesmos fatos.
Quem foi Juscelino Kubitschek?
Nascido em 12 de setembro de 1902, em Diamantina (MG), Juscelino foi médico, oficial da Polícia Militar e político. Antes de chegar à presidência, JK foi prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais.
Em 1955, ganhou para presidente da República ao vencer Juarez Távora, candidato pela União Democrática Nacional (UDN). Após o mandato, ainda foi senador pelo estado de Goiás, tendo seus direitos políticos cassados após o golpe militar de 1964.
* - Partidos extintos após o golpe de 1964
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