ENGENAHRIA COMPLEXA
Salvador-Itaparica: ponte paralela pode ser construída durante obras
Alternativa pode facilitar no transporte do pesado maquinário
Por Flávia Requião e Anderson Ramos

Em busca de encontrar soluções para baratear o custo da construção da Ponte Salvador-Itaparica, os engenheiros das empresas China Railway 20th Bureau Group Corporation (CRCC20) e China Communications Construction Company (CCCC), responsáveis pela obra, estudam uma alternativa ousada.
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Durante o evento que autorizou as licitações para obras e compra de trens do Tramo IV do Metrô de Salvador, na manhã desta segunda-feira, 9, no Campo Grande, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, revelou que os chineses avaliam a possibilidade de construir uma ponte paralela durante as obras.
Ele explica que a estratégia é uma opção que pode facilitar o transporte do pesado maquinário necessário para o andamento da intervenção, que é normalmente feito através do mar.
“Existem várias tecnologias para construir uma ponte desse tamanho. Imagine o tamanho de uma máquina para furar uma rocha a 60m, 30m de profundidade naquela lâmina d'água, são equipamentos grandes. Eles estão apresentando uma tecnologia que ao invés de usar tantas embarcações, que o custo é muito elevado, construir uma ponte paralela provisória, onde os caminhões e carros poderão levar vários equipamentos, que ao invés de irem por barcos e balsas, iriam nessa ponte paralela”, explicou o ex-governador da Bahia.
“Eles estão refinando isso e o estado sinalizou que toda tecnologia é possível. Eles têm que apresentar detalhes, mas se for para encurtar prazo e reduzir custo, está ótimo. Nós queremos custo mais barato e tempo mais rápido, é isso que nós queremos”, defendeu Rui.

Desafios
A sondagem, concluída no mês de abril, foi o primeiro desafio vencido no projeto que é pioneiro na América Latina. A Baía de Todos os Santos está localizada sobre uma falha geológica e a lâmina d´água alcança, nos pontos mais profundos, 65 metros. Para a sondagem, foi preciso atingir uma profundidade total de 200 metros, algo nunca visto na engenharia brasileira.
Para se ter uma ideia da grandiosidade do projeto, a maior ponte construída até hoje no continente é a Rio-Niteroi, que completou 50 anos em 2024, com 8,8 km de extensão sobre a água. A estrutura nas águas baianas terá 12,4 km.
Toda essa tecnologia foi desenvolvida na China, onde as mesmas empresas responsáveis pela Ponte Salvador-Itaparica têm ‘case’ de sucesso mundial na infraestrutura, a ponte Hong Kong-Macau, com 56 km, mais de quatro vezes a extensão do projeto idealizado na Bahia.
Contrato assinado
No dia 4 de maio, o governo Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou que assinou o novo aditivo contratual para a construção da Ponte Salvador-Itaparica. O acordo entre a gestão estadual e o consórcio chinês foi costurado após intervenção do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que intermediou as conversas entre as partes.
A assinatura marca o fim de um imbróglio que se iniciou na pandemia de Covid-19, com o aumento dos insumos da construção civil. Na época, as estatais chinesas que integram o consórcio da ponte Salvador-Itaparica solicitaram um grande aumento de valores para a construção do empreendimento, gerando um impasse com o governo estadual.
Inicialmente, os chineses apontaram que deveria haver uma elevação do contrato de R$ 7 bilhões para R$ 13 bilhões. Após a intermediação do TCE, o valor foi fechado em R$ 10,42 milhões. Em seis anos a ponte deve ser entregue à população.
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