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POLÍTICA

Baianos criticam megaoperação no Rio: “Espetaculosa e macabra”

Deputados da Bahia foram contra a ação do governo do Rio e defendem combate ao crime com inteligência

Flávia Requião

Por Flávia Requião

29/10/2025 - 11:41 h | Atualizada em 29/10/2025 - 12:01
A ação, uma das mais letais da história recente do estado, deixou ao menos 64 mortos, entre eles quatro policiais
A ação, uma das mais letais da história recente do estado, deixou ao menos 64 mortos, entre eles quatro policiais -

Deputados estaduais e federais da Bahia criticaram o governo do Rio de Janeiro pela condução da megaoperação realizada nesta terça-feira, 28, contra o Comando Vermelho. A ação, uma das mais letais da história recente do estado, deixou ao menos 64 mortos, entre eles quatro policiais.

Em conversa com o Portal A TARDE, o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL-BA) classificou a operação como uma das mais letais da história do Rio e possivelmente do Brasil.

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Para ele, a ação planejada pelo governo fluminense teve um resultado “absolutamente desastroso” para a população e reforça um modelo de segurança pública baseado na violência, e não na inteligência.

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“É a operação mais letal do Rio, certamente uma das mais letais do Brasil. Uma operação planejada pelo Estado carioca com um resultado, do ponto de vista da população, absolutamente desastroso. Ontem se falava em 54 mortes, agora já são mais de 120. E o governo comemorando o que seria, para ele, uma demonstração de força em relação ao Comando Vermelho”, afirmou o parlamentar.

Hilton criticou o que chamou de chacinas e disse que o governador Cláudio Castro (PL) tem apostado em medidas que apenas aprofundam o clima de medo nas comunidades, sem trazer resultados concretos no combate ao crime.

“É o aprofundamento de uma posição no campo da segurança pública que parece inquestionável, apesar dos resultados sempre trágicos. São chacinas atrás de chacinas, e essa o governo Cláudio Castro fez com a mão mais pesada possível. Mais uma vez, sem qualquer resultado. O que se vê é um clima de terror nas comunidades do Rio e nada resolvido, porque o governo não troca esse tipo de ação espetaculosa e macabra por investigação de verdade”, concluiu.

"Desastre" x "Indústria do espetáculo"

O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) compartilhou da mesma opinião e repreendeu duramente a execução da gestão, afirmando que segurança pública “não se faz com pirotecnia, com espetáculo, mas com inteligência, planejamento e coordenação”.

“Foi um desastre.[...] A prova disso é que, em agosto, tivemos a Operação Carbono, que, sem disparar um único tiro, desarticulou o maior esquema de lavagem de dinheiro da história do Brasil, movimentando R$ 52 bilhões”, afirmou.

O petista destacou que integra a Comissão Especial da PEC da Segurança Pública na Câmara, que discute o projeto de lei enviado pelo Executivo em abril, mas que, segundo ele, está travado por resistência da oposição.

“O texto propõe incluir na Constituição o Sistema Único de Segurança Pública, coordenado por um ente central, e estabelecer as bases jurídicas e financeiras para a área. Mas governadores e parlamentares da direita alegam que a União quer atropelar as atribuições dos estados — o que não é verdade”, afirmou.

“É preciso que eles se decidam se segurança pública é prioridade ou não. O que não dá é fazer politicagem, espetáculo com vidas humanas, já que a maioria das pessoas que vivem em comunidades pobres é gente trabalhadora. Essa operação no Rio é apenas enxugar gelo, porque quem comanda, de verdade, o crime não está nas favelas”, concluiu Solla.

Já a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) afirmou que operações desse tipo têm “pouca contribuição real” para o combate à criminalidade e acabam servindo mais a propósitos políticos do que à segurança pública.

“A minha opinião é que esse tipo de medida espetaculosa tem pouca contribuição real ao enfrentamento ao crime e tem mais compromisso com a politização dessa agenda. Porque não mexe com a estrutura, a superestrutura, a alta cúpula da criminalidade, que fica intocável, protegida e não reside nas favelas”, disse a parlamentar.

Ela criticou ainda o que chamou de “indústria do espetáculo” em torno da violência e da morte nas periferias. “É um desastre. Nós não podemos celebrar a morte”, declarou.

Alice Portugal (PCdoB-BA), parlamentar baiana da Câmara dos Deputados, compartilhou da mesma opinião, classificando a ação como um castigo à população fluminense. Para a parlamentar, a condução da segurança pública no estado tem sido marcada por medidas violentas e ineficazes, que não atacam a raiz do problema.

“A minha impressão é que a população do Rio está sendo punida. Isso não é admissível. É preciso que o governo do Rio de Janeiro aceite o apoio do governo federal e busque, com base na investigação, esgaravatar essa estrutura paralela ao Estado brasileiro”, afirmou.

Ela defendeu uma atuação coordenada entre diferentes esferas do poder público e criticou o modelo de enfrentamento pautado na letalidade policial.

“É lamentar, lamentar e lamentar, e ao mesmo tempo apoiar a necessidade de enfrentarmos o crime organizado com forças multilaterais do Estado e da União. Se necessário, até com forças internacionais, para que o processo seja inteligente de enfrentamento. Menos violência e mais inteligência”, completou.

Erros históricos

O deputado estadual Robinson Almeida (PT-BA) também condenou a condução da operação e afirmou que o modelo de segurança pública adotado no Rio repete erros históricos. Segundo ele, ações de alta letalidade apenas reforçam um ciclo de violência sem resolver o problema estrutural do crime organizado.

“E repete-se, né? O mesmo modus operandi de cinco décadas no Rio de Janeiro para enfrentar o crime organizado. Operações de alta letalidade que não conseguem resolver o problema de controle das organizações criminosas dos territórios urbanos e, depois de uma matança generalizada, essas organizações se rearticulam, remontam, mantêm-se no território e o governo prepara uma nova operação no futuro”, disse.

Para Robinson, o enfrentamento à criminalidade deve se basear em inteligência policial e na presença efetiva do Estado com políticas públicas nas comunidades.

“É um remédio errado pra uma doença crônica. É preciso inteligência pra capturar os principais líderes, ocupação permanente dos territórios pela polícia e políticas sociais que protejam a comunidade. Só assim teremos formas mais eficazes de combater o crime organizado”, completou.

O deputado federal Zé Neto (PT-BA) destacou a falta de articulação entre o governo do Rio de Janeiro e as forças federais, avaliando que a ação teve mais caráter de “estampa” do que de efetividade real.

“Nós viemos de uma operação de sucesso, feita pelo Governo Federal em parceria com diversos estados, que atacou os cérebros das organizações. É esse tipo de articulação que faz diferença. Mas quando se entra em favelas e territórios populares sem estratégia, é como querer pescar em aquário, no final os donos dos peixes não estão sendo pegos”, afirmou.

Para ele, a operação feriu direitos humanos e ignorou a inteligência policial. “Na minha opinião, foi uma atitude de estampa, que feriu direitos humanos, ignorou a inteligência policial e não buscou uma coordenação para que as coisas acontecessem de forma sincronizada. Foi um grande erro do governador não ter conduzido essa operação de maneira articulada no combate ao crime organizado”, concluiu.

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Tags:

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