POLÍTICA
“Biden não tinha condições de bater Trump”, diz cientista político
Cláudio André avaliou o atual cenário eleitoral norte-americano após desistência de Joe Biden
Por Eduardo Dias
A desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de disputar a reeleição, pegou muitos de surpresa. No entanto, o apoio público em torno da retirada do nome de Biden da disputa após diversos deslizes e gafes, fez crescer internamente o nome da vice-presidente Kamala Harris.
Ao Portal A TARDE, o cientista político, Cláudio André, fez uma avaliação sobre o atual cenário eleitoral norte-americano após a desistência do atual presidente e como ficará a disputa no país, em meio a incerteza do Partido Democrata sobre o nome que enfrentará Donald Trump.
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“Eu primeiro vejo que a desistência de Joe Biden tem uma relação direta com uma perspectiva do partido de que ele não tem condições de derrotar Trump. Então, é uma desistência considerando quem é o adversário e essa perspectiva foi sendo testada nas pesquisas das últimas semanas e, sobretudo, com a definição de que de fato Donald Trump é o candidato do partido Republicano. Tem um ponto que a gente deve levar em consideração que envolve a idade avançada de Biden, as condições de saúde e ele foi cometendo vários deslizes públicos, aquelas gafes relacionadas à troca de nomes e a uma série de eventos que levantaram, aumentaram, melhor dizendo, a convicção do partido Democrata de que ele não estava bem e essa passou a ser uma percepção mais forte, mais intensa lá na perspectiva de visão do eleitorado, ou seja, os eleitores passaram a perceber e a comentar nas redes sociais, nas pesquisas de que Biden não tinha condição de saúde de ser o candidato presidente", afirmou o especialista.
Para Cláudio André,a negação em torno do nome de Biden na opinião pública foi o fator determinante para os Democratas aceitarem a desistência do nome dele da disputa.
“Então, essa negação na opinião pública reforçou ainda mais o Partido Democrata e isso se cruzou com o fato de que outros nomes tinham mais condições de derrotar Donald Trump. Agora, a gente passa a ter um cenário ainda mais devastador contra o atual presidente diante do atentado a Donald Trump e ali há uma comoção pública e, sobretudo, há uma perspectiva de que ele passou de algoz para vítima. Então, essa percepção mais pública relacionada a isso reforçou no Partido Democrata uma perspectiva de apertar um botão vermelho de alerta em relação a quem teria condições de fato de derrotar o ex-presidente”, disse Cláudio.
Efeito Kamala
O cientista político explicou também o coro feito em nome da vice-presidente Kamala Harris, para ser a substituta na disputa pela Presidência.
"[...]E aí surge o nome da vice-presidente, o nome de Kamala Harris, eu vejo que a gente vai precisar analisar com cautela as pesquisas de opinião em relação a essa mudança, em relação a uma nova estratégia de lançar o nome de uma mulher, o nome de uma figura pública bastante respeitada, mais jovem do que Donald Trump, então eu vejo que são elementos que vão pesar para que a gente observe do ponto de vista das decisões do Partido Democrata e também na opinião pública, na opinião dos eleitores norte-americanos como é que eles aceitam o nome de Kamala e dentro de uma perspectiva agora colocada de um novo nome que pode dar mais ânimo e gás para uma parcela do eleitorado que leve de fato a uma mudança de postura em relação à intenção de voto em Donald Trump".
André também pontuou a diferença entre o sistema eleitoral norte-americano e o brasileiro. Para ele, o sistema atual e a desistência de Biden ainda permite mudar e montar uma nova estratégia eleitoral que possa reverter o cenário favorável a Trump.
"Lembrando que o sistema norte-americano é diferente. É um sistema que o voto é indireto, o voto nos delegados, nos colégios eleitorais. Então é uma outra maneira de montar as estratégias. Mas eu vejo que a gente deve acompanhar com cautela nos próximos cinco a sete dias, como é que vão ficar as pesquisas e a opinião e, sobretudo, como é que o Partido Democrata vai conseguir agora colocar em debate essa decisão do presidente de renunciar ao direito de ser candidato à reeleição à presidência dos Estados Unidos", completou.
“Essa medida [desistência] é muito contingencial, é muito voltada para a circunstância que é a polarização na política americana e, sobretudo, a uma questão pessoal, envolve a questão pessoal do Biden não demonstrar seguramente ter saúde e condições físicas de ser novamente presidente dos Estados Unidos. Mas, isso levou, obviamente, a uma reconfiguração de estratégia e penso que pesou ainda mais nessa decisão o atentado contra a vida de Donald Trump como um elemento a reforçar esse aspecto que, de alguma forma, motivou e comoveu, melhor dizendo, os eleitores norte-americanos".
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