CHAMADO DE MILICIANO
Presidente da Funai é expulso de evento indigenista em Madrid
Marcelo Xavier se retirou após ex-servidor da Funai responsabilizá-lo pelas mortes de Bruno e Phillips
Por Da Redação
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, se retirou de um evento em Madrid após ser chamado por um ex-servidor da Funai de miliciano, bandido e assassino. “Vai embora mesmo, vai para fora”, disse Ricardo Rao, durante a 15ª Assembleia Geral da FILAC, evento direcionado ao Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe.
Além do ex-servidor da Funai, que responsabilizou Marcelo Xavier pelas mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, a pressão tem sido grande na Espanha contra a presença do representante do Governo Bolsonaro. Representantes de órgãos indigenistas e de povos indígenas planejam novos protestos.
A entidade Survival International apontou que a rejeição a Marcelo Xavier é consequência da “cumplicidade frente ao genocídio indígena em curso no Brasil, assim como diante dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips”, se posicionou em nota.
Ricardo Rao entrou na Funai em 2010 e deixou a fundação em novembro de 2019. Na época, o então servidor atuava no Maranhão e alegou que precisou se exilar por conta de ameaças de morte, o que incluiu ter uma arma apontada para sua cabeça. Hoje, o ex-servidor da Funai mora em Roma, após ter passado dois anos na Noruega.
Direito de resposta
Em ofício destinado ao Portal A TARDE, e assinado pelo ex-presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, o órgão afirma não ter havido expulsão e que a matéria "atenta contra a reputação e a imagem desta Autarquia e do seu Presidente no efetivo exercício de suas atribuições". Confira a nota:
A Fundação Nacional do Índio (Funai) vem a público manifestar repúdio aos ataques verbais proferidos contra o presidente da fundação, Marcelo Xavier, nesta quinta-feira (21), em Madri, na Espanha, durante a XVI Assembleia Geral Extraordinária do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac).
A Funai lamenta o ocorrido e destaca que tais atitudes são irresponsáveis, violentas e antidemocráticas, inviabilizando, assim, qualquer tipo de diálogo sadio e producente, que deve ser sempre pautado no respeito entre as partes. A fundação entende que não se constroem políticas públicas na base de ofensas e argumentos destituídos de fundamento e provas. Tais atitudes não são compatíveis com o Estado Democrático de Direito.
A fundação informa ainda que, sobre o caso, foram tomadas providências junto à Polícia Judiciária da Espanha. É importante ressaltar que, por motivos de segurança, o presidente da Funai optou por sair voluntariamente do local do evento, dada a atitude hostil e agressiva do manifestante. Inclusive, os lamentáveis ataques serão objeto de ação judicial por crime contra a honra e ação de indenização por danos morais.
O manifestante que proferiu de forma agressiva os ataques verbais foi funcionário da Funai até o ano de 2020, tendo sido exonerado na ocasião por não ter cumprido as condições de estágio probatório. Por fim, a fundação reforça que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ofensiva, repudia qualquer forma de desrespeito e segue aberta ao diálogo com os diferentes setores da sociedade.
Assessoria de Comunicação/Funai
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