“Que o nosso MinC nunca mais desapareça”, diz Margareth em posse

Em clima de celebração, a cerimônia de transmissão de cargo da cantora e compositora baiana Margareth Menezes como ministra da Cultura na noite desta segunda-feira, 2, em solenidade realizada no Museu Nacional, em Brasília, ganhou um tom de esperança na voz das autoridades presentes e que discursaram no evento.

Presentes no palco, além da ministra, estavam o secretário-executivo de Cultura, Márcio Tavares, a socióloga Janja Silva, companheira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), além de outras ministras do governo federal, como Anielle Franco, Nísia Trindade e Ana Moser.

Em seu discurso, a ministra Margareth Menezes apontou a extinção do Ministério da Cultura, os motivos para isso e as consequências para o setor cultural. “A cultura incomoda, a cultura mexe, a cultura desobedece, e floresce, e por isso ela é também expressão democrática e de direitos. Dentro dela, a arte oxigena porque revolve camadas profundas do nosso viver e do nosso ser”.

“Para que estivéssemos aqui, vendo o MinC renascer, foram necessárias muitas lutas. A luta pela sobrevivência dos trabalhadores e trabalhadoras do setor, a outra grande batalha foi a que trouxe a vitória do nosso presidente Lula, um amigo e aliado da cultura brasileira”, continuou.

“Faremos parte da reconstrução de nosso país, como artistas e gestores, e agora, mais que nunca, como potência econômica. O novo MinC será central no processo de reencantamento de um país que foi propositadamente desencantado”, destacou.

Ela lembrou também o enfrentamento que o setor cultural vivenciou durante a pandemia do coronavírus, a morte de artistas, como o ator Paulo Gustavo e o letrista Aldir Blanc, e o abandono que muitos trabalhadores da cultura tiveram que procurar outras formas de sobrevivência pela falta de oportunidades.

Margareth falou também do convite que recebeu de Lula. Segundo ela, ficou em dúvida, pois vive um momento potente na carreira como artista e pediu um tempo para pensar se aceitava o convite ou não.

Ao final, a titular da pasta da Cultura quebrou o protocolo e cantou aúsica de Capinan e do poeta e músico Roberto Mendes chamada “Manda Chamar”. “Manda chamar os índios. Manda chamar os negros. Manda chamar os brancos. Manda chamar meu povo. Para o rei Brasil renascer. Renascer de novo”.

Margareth anunciou ainda a composição dos seus auxiliares no ministério. Dentre eles, uma novidade, a vereadora de Salvador Maria Marighella na direção da Fundação Nacional das Artes (Funarte) e confirmou Zulu Araújo na Secretaria de Diversidade e Cultura e João Jorge Rodrigues na Fundação Palmares.

Celebração da cultura

Antes do discurso de posse da ministra Margareth Menezes, a poetisa Elisa Lucinda declamou um poema de sua autoria, “A Herança”, que fala da cultura como resistência de um povo.

Já a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz discursou antes da ministra. Ela lembrou do desmonte da Cultura ocorrida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que além de cortar orçamento para o setor, acabou com o ministério da área, transformando-o em uma secretaria especial. Ao final do discurso, ela cantou versos da música “Cuidado Com a Outra”, composta por Augusto Tomaz Jr e Nelson Cavaquinho e gravada por Chico Buarque em saudação à ministra. “Vou abrir a porta. Mais uma vez pode entrar. É Dia das Mães. Eu resolvi lhe perdoar. Vou abrir a porta. Mais uma vez pode entrar. É Dia das Mães. Eu resolvi lhe perdoar”.

Márcio Tavares, secretário-executivo da Cultura, ressaltou a importância de Janja durante a campanha de Lula como defensora da pauta cultural. “A cultura voltou. A cultura tomou posse e o Ministério da Cultura é de vocês”.

A primeira-dama, por sua vez, relembrou dos atos de campanha nas cidades pelo país e que houve um pedido do petista que sempre que houvesse um comício ou caminhada em alguma cidade, havia uma conversa com o setor cultura. De acordo com ela, essa ideia aconteceu após um ato realizado em Salvador no qual eles depois da ação da campanha visitaram a casa da cantora Daniela Mercury em um encontro com diversos artistas baianos. “Vimos que apesar de tudo, a cultura não morreu”.