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Eleição também conta com os "eternos candidatos"

Publicado terça-feira, 02 de setembro de 2008 às 23:51 h | Atualizado em 03/09/2008, 00:01 | Autor: Valmar Hupsel Filho, do A Tarde

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“Só faltam sete para eu me igualar a Abraham Lincoln, que disputou ao todo 17 eleições antes de virar presidente dos Estados Unidos”, brinca o candidato a vereador Ubirajara Tavares Gomes dos Santos sobre sua condição de “eterno candidato”. Com uma experiência acumulada de oito campanhas, para os cargos de vereador e deputado estadual, Bira do Jegue, como é mais conhecido, já faz parte do folclore das campanhas eleitorais baianas. Ele é um dos concorrentes que, por falta de dinheiro e apoio político, tentam a cada dois anos (muitas vezes sem sucesso) se eleger para um mandato eletivo.

Este ano, 838 candidatos disputam uma das 41 vagas na Câmara de Vereadores de Salvador. Um deles é Rogério Da Luz (PMN), que está em sua quarta campanha eleitoral. Ele já tentou, sem sucesso, ser governador, prefeito e deputado federal, sempre utilizando-se da irreverência como estratégia para fortalecer sua imagem.

LÂMPADAS – Da Luz ficou conhecido nas campanhas anteriores por se apresentar de costas no horário eleitoral gratuito, vestido com um colete cheio de lâmpadas, numa referência ao seu sobrenome. Da Luz este ano tem a certeza da vitória, apesar de não esconder sua preferência por cargos no executivo. “A câmara vai tremer porque não vou admitir marasmo. Vou ser um vereador de projetos”, promete.

O candidato reclama não só da falta de verba, mas também do escasso tempo disponível no horário eleitoral gratuito, justamente sua principal ferramenta para angariar votos. “Se eu achava pouco quando tinha 50 segundos, imagine agora que só tenho 15”, disse Da Luz.

O candidato Crispiniano Daltro (PT), que está em sua terceira campanha eleitoral, também se queixa da falta de verba e apoio político. “O próprio partido não dá atenção igual a todos os candidatos e só dá espaço na televisão para quatro ou cinco ‘prioritários de tendência’”, disse. Além de candidato a vereador por duas vezes, Crispiniano tentou também eleger-se deputado estadual, em 2000, quando ficou na 2ª suplência.

IRREVERÊNCIA – Mas a falta de dinheiro é compensada pela criatividade e irreverência dos candidatos. Com a prestação parcial de contas, apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em branco tanto para o campo receita quanto para despesa, Bira do Jegue (PSDB) conta que sua campanha é feita dentro de ônibus, na Estação da Lapa, na porta de mercado e nos locais onde ele encontra espaço para vociferar, com ares de artista de circo que originalmente é, as mazelas da política nacional.

“E qual é o dinheiro que eu tenho para gastar, meu filho? Minha campanha não tem recurso porque não tenho caixa dois”, provoca o “eterno candidato”. Ele parece não se incomodar com o fato de, nos últimos 16 anos acumular experiência em campanhas eleitorais e nenhuma em cargos eletivos. “Vereador só serve para entregar medalha Thomé de Souza e botar nome de gente em rua”, resume.

JEGUE MORTO – Bira nunca se elegeu para cargo político. Sua votação mais expressiva foi na eleição passada, quando candidatou-se a deputado estadual pelo PSDB e obteve cerca de mil votos. Mas neste período ele se divertiu (e aos outros) muito. Este ano ele teve um prejuízo. No dia 7 de agosto seu jegue foi envenenado, segundo ele, um dia depois de ter feito críticas “aos prefeituráveis“, coisa que ele faz frequentemente.

Em resposta, ele já promete sua próxima ação ”de campanha“. Vai arranjar um jegue novo, pintar de zebra e desfilar pela avenida no Dia da Independência, 7 de setembro. “Vou sair gritando que político não presta, é tudo um bando de ladrão”, disse. O candidato parece não se importar se não  for eleito mais uma vez, já que pretende se igualar ao “recorde” do ex-presidente americano Abraham Lincoln. E é dele que Bira do Jegue tira a lição para sua peregrinação eleitoral. “A vitória de triunfar é começar de novo, porque mais vale o sabor de uma derrota do que o sabor de não ter competido”, repetiu.

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