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Firme e emotiva, Dilma fala em trama para tomar poder

Publicado segunda-feira, 29 de agosto de 2016 às 10:52 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Paula Pitta
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A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) fez um discurso marcado por um tom firme, mas com momentos de emoção revelados pela voz embargada. Nesta segunda-feira, 29, a petista falou em seu processo de julgamento de impeachment. Durante todo discurso, Dilma negou que tenha cometido crime de responsabilidade fiscal e falou que é vítima de uma trama para tomar o poder.

Para embasar essa tese, a petista citou outros ex-presidentes (Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart), falando que eles foram perseguidos pela elite conservadora: "O presidente Getúlio Vargas, que nos legou a CLT e a defesa do patrimônio nacional, sofreu uma implacável perseguição, a hedionda trama orquestrada pela chamada República do Galeão, que o levou ao suicídio. O presidente Juscelino Kubitschek, que construiu essa cidade, foi vítima de constantes e fracassadas tentativas de golpe. O presidente João Goulart (...) superou o golpe do parlamentarismo, mas foi deposto e instaurou-se a ditadura militar em 1964".

Em seguida, Dilma disse que a tentativa de "golpe" volta a acontecer. "Hoje mais uma vez ao serem contrariados e feridos, nos vemos diante do risco de ruptura democrática. Agora a ruptura democrática se dá pela violência de pretextos para viabilizar um golpe na Constituição, um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador", disse.

Para justificar seu discurso, a presidente afastada citou o fato de o procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira, ter sido considerado suspeito pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski. Ela também lembrou que o auditor do TCU Antônio Carlos Costa D´Ávila Carvalho Júnior, chefe da equipe que elaborou o parecer do órgão sobre as chamadas pedaladas fiscais, admitiu em depoimento ao Senado que ajudou Júlio Marcelo a elaborar a representação que pediu a reprovação das contas de Dilma.

"Fica claro a parcialidade, a trama, na construção das teses por eles defendidas. São pretextos, apenas pretextos, para derrubar por meio de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade um governo legítimo", acrescentou.

Ditadura

A presidente afastada ainda lembra do seu período de militância contra a ditadura. Em um dos momentos, ela disse que o processo de impeachment fez com que ela voltasse a sentir "o gosto áspero e amargo da injustiça". "E por isso, como no passado, resisto. (...) No passado, com armas, e hoje, com retórica jurídica, pretendem novamente atentar contra a democracia e o Estado do Direito", afirmou.

Ela ainda disse se o impeachment for aceito, seria o mesmo que dar uma "sentença de morte política" para ela. Mas, mesmo se sentindo vítima de traição, agressões verbais e preconceito, ela não nutre rancor contra os senadores nem mesmo contra aqueles que votaram contra projetos que defendiam apenas com o intuito de criar uma instabilidade econômica.

Economia

Dilma argumentou que a oposição criou, com a ajuda do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, barreiras para diversos projetos na Câmara para evitar que o governo da petista tomasse iniciativas que poderiam atenuar a crise econômica.

Para Dilma, a intenção era evitar que a recessão econômica melhorasse, acabando com o cenário propício para aprovação do impeachment.

A presidente afastada também falou que logo após sua vitória nas urnas, a oposição apoiada pela elite conservadora começou a questionar a eleição. Como não conseguiram evitar sua posse, ela disse que esse grupo iniciou a busca por fatos para pedir o afastamento dela.

Falando principalmente para indecisos, Dilma pediu que os senadores votassem contra o impeachment, para não julgar uma "inocente".

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