PROJEÇÃO
Eleições 2026: o que esperar do provável 'Round 2' na Bahia e no Brasil
Pleito de 2022 deixou reflexos claros nos anos seguintes

Por Yuri Abreu

Ainda que nas conversas abertas com a imprensa, os políticos relutem em falar efetivamente sobre as eleições de 2026, nos bastidores o assunto vem rendendo já desde o pleito de 2022, que deixou reflexos claros sobre os rumos da política, tanto no Brasil, quanto na Bahia.
Em nível nacional, a esquerda — ainda que em meio a especulações iniciais de que Lula (PT) cumpriria somente o terceiro governo dando espaço ao sucessor em 2026 — vai depender mais uma vez do seu principal nome para se manter à frente do Palácio do Planalto, pelo menos até 2030.
Já no espectro da direita é onde há a maior indefinição sobre quem será o adversário do petista. Apesar do discurso ainda latente em uma ala mais radical do grupo de que o nome ainda é o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o fato de o liberal estar preso e inelegível torna essa missão cada vez mais complicada.
Quem vem da direita para disputar com Lula?
Para não perder a sua “hegemonia”, Jair Bolsonaro indicou o senador e “filho 01”, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência. Este já indicou, pelo menos de início, que só abriria mão da candidatura se o pai fosse o candidato e com a aprovação da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Diante dessa indefinição e monopolização entre os bolsonaristas, há outra ala da direita que defende a escolha de outro nome.
Nesta fila, estão os governadores de São Paulo (Tarcísio de Freitas-Republicanos), Rio Grande do Sul (Eduardo Leite-PSD), Minas Gerais (Romeu Zema-Novo), Paraná (Ratinho Júnior-PSD) e Goiás (Ronaldo Caiado-União).
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Ainda que a inclinação seja maior pelo titular do Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio encontra resistência por parte dos Bolsonaro, que temem perder o protagonismo para o republicano. De tanto ser alvo de críticas pelos filhos do ex-presidente, ele publicamente recuou de tentar disputar uma vaga no Palácio do Planalto, ainda que digam que o movimento se trate de uma estratégia.
E a terceira via?
Nesse cenário de polarização, um questionamento é de como ficaria a chamada “terceira via”. A questão é que, até então, poucos são os nomes que se apresentaram até agora. Entre eles está Renan Santos, presidente e fundador do Movimento Brasil Livre (MBL), que tem o seu próprio partido, o Missão.
No entanto, apesar do desejo de “furar a bolha” e com pesquisas apontando que 24% do eleitorado prefere votar em um candidato sem relação com Lula ou Bolsonaro, a tendência é a de que foco de maior parte dos votantes seja, novamente, por escolher um dos “dois lados da moeda”, entre Lula e o representante da direita/bolsonarismo.
Jerônimo x ACM Neto - Round 2
Na Bahia, as eleições de 2022 ao Governo do Estado trouxeram um cenário que não era visto desde 1994: uma decisão em segundo turno. Naquela época, para consolidar a sua vitória, Paulo Souto precisou de uma etapa extra para bater João Durval Carneiro. De lá pra cá, todos os pleitos haviam sido decididos no primeiro turno: César Borges (1998), Paulo Souto (2002), Jaques Wagner (2006 e 2010) e Rui Costa (2014 e 2018).
Há três anos, contudo, o governador Jerônimo Rodrigues “bateu na trave” e precisou de uma nova disputa contra ACM Neto por causa de apenas 0,5%. No segundo turno, consolidou a vitória por uma margem superior a 400 mil votos sobre o ex-prefeito da capital baiana e manteve, por mais quatro anos — pelo menos até 2026 —, a hegemonia do PT no estado iniciada com Jaques Wagner.
Durante esse período, Jerônimo Rodrigues dedicou-se, além da gestão, em estreitar relacionamentos com os diversos prefeitos pelo interior do estado, inclusive com aqueles que, em 2022, estiveram ao lado de ACM Neto. Se esse apoio de fato se confirmar nas urnas, a tendência é a de que Jerônimo atinja a sua reeleição — e desta vez sem a necessidade de um segundo turno.
A história politica das eleições na Bahia, no entanto, mostrou em pelo menos dois momentos que contar com o apoio maciço dos chefes do Executivo municipais não é o suficiente para garantir a eleição. Isso ocorreu nos pleitos que conduziram Waldir Pires (1986) e Jaques Wagner (2006) ao Palácio de Ondina. Apesar de não contarem com esse suporte, ambos se garantiram nas urnas.
Desta vez, o que pende a favor de Jerônimo é o fato de, além de contar com esses apoios e ter “a máquina pública na mão”, é o presidente Lula viver o seu melhor momento à frente do governo federal desde o início da gestão, em 2023. Se isso irá se traduzir nas urnas, só devemos saber no mês de outubro do próximo ano.
Neto vem ou não?
Do lado de ACM Neto, apesar de ele afirmar — e reafirmar — que será candidato em 2026, há sempre o alardear de que ele poderia desistir da disputa, assim como aconteceu em 2018. Naquele ano, o opositor foi Zé Ronaldo e o resultado foi uma vitória acachapante de Rui Costa ainda no primeiro turno.
Caso o cenário se repita, o papel poderia caber a João Roma, que em 2022 ficou em terceiro no primeiro turno, mas desta vez já declarou que poderia abrir mão da pré-candidatura em prol do ex-prefeito da capital baiana.
Em outra via, se o vice-presidente nacional do União Brasil seguir com a sua candidatura até o fim, a tendência é a de que tenhamos um 2º Round entre Jerônimo e ACM Neto em 2026. A questão sobre quando essa nova disputa será decidida, caberá muito aos arranjos que forem feitos entre os dois grupos, de modo a evitar que perdas significativas aconteçam nas respectivas bases, a exemplo que aconteceu há três anos.
Naquele ano, o PP de João Leão deixou a base governista e, no segundo turno, muitos políticos da sigla declararam abertamente apoio à candidatura de Jerônimo, contribuindo para a sua vitória nas urnas.
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