LULA X OPOSIÇÃO
Oposição acusa Lula de discurso duplo após fala sobre cassação
Bancada oposicionista relembra que partidos de esquerda já obstruíram sessões
Por Gabriela Araújo

A oposição reagiu às falas do presidente Lula (PT) sobre a cassação dos congressistas que ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, como forma de protestar contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em nota, os oposicionistas acusam o petista de fazer discurso duplo, visto que, historicamente, a tática sempre foi utilizada pelo próprio grupo político de esquerda.
“O que Lula chama de ‘ato passível de cassação’ é, na verdade, um instrumento de resistência democrática, usado inúmeras vezes pela própria esquerda. […] Em todos esses episódios, a ocupação foi tratada pela imprensa e pelos próprios petistas como um ato político legítimo, sem qualquer ameaça de cassação de mandato”, diz a oposição.
O grupo ainda afirma que o presidente e o PT usam o poder para silenciar os seus adversários e a imprensa em uma articulação realizada junto com o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Hoje, no entanto, Lula e o PT se tornaram aliados de Moraes, unidos em um projeto de destruição da oposição, censura à imprensa livre e perseguição a todos que se atrevam a desafiar o regime que tentam impor ao Brasil”, disse.
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A ala oposicionista também afirmou que as declarações de Lula soam como “autoritário, truculento e incompatível com a democracia”.
“Chega a ser irônico — e profundamente revelador — que Lula, que se beneficiou dessa tolerância institucional quando esteve na oposição, agora proponha punir parlamentares que cumprem o papel de defender o povo contra abusos de poder e contra o avanço de um projeto autoritário que se alinha ao que há de pior na esquerda nacional e internacional: regimes que silenciam vozes dissidentes, perseguem adversários e manipulam instituições para perpetuar-se no poder”, diz outro trecho da nota.
O que Lula disse?
A reação do grupo de oposição acontece após o presidente Lula (PT) defender a cassação do mandato dos parlamentares que participaram da obstrução dos trabalhos legislativos na Câmara dos Deputados e no Senado, que ocorreu na última segunda e terça-feira, 4 e 5, em Brasília.
"E você, [senador Sérgio] Petecão, por favor, não assine o pedido de impeachment do Alexandre de Moraes porque ele está garantindo a democracia. Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcione a Câmara e o Senado, verdadeiros traidores da pátria”, disse o petista, em evento institucional no Acre.
Em nota, os oposicionistas citaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o protesto contra a prisão de Lula, e contra a Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista.
Partidos de esquerda já ocuparam o Congresso
Em 2017, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) sentou na Mesa Diretora da Câmara na tentativa de obstruir a votação da reforma trabalhista. À época, a Casa era comandada pelo presidente Arthur Maia (DEM-RJ).
Com cartazes contra pontos do projeto, deputados de PT, PCdoB e PSOL subiram à Mesa do plenário e conseguiram interromper a leitura do relatório do então deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).
A tática também foi usada pelo motim bolsonarista no início da semana, quando o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) tentou impedir que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) se sentasse à mesa.
O dep. Marcel Van Hattem do NOVO se comportou como um playboy mimado em plena Câmara dos Deputados, tentando impedir que o presidente Hugo Motta se sentasse à mesa.
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) August 7, 2025
É a cara da extrema-direita: tumultuar, chantagear o país e proteger os golpistas do 8 de janeiro e a família… pic.twitter.com/ilW2E5nZnw
Em 2018, deputados do PT e partidos de esquerda paralisaram os trabalhos no plenário da Câmara em apoio ao presidente Lula, que à época, estava preso em Curitiba.
Carregando cartazes com os dizeres “Lula Livre”, os deputados entraram em conjunto no plenário gritando “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Os partidos chegaram a anunciar que fariam obstrução total aos trabalhos na Câmara. O movimento foi liderado pelo PT e contou com o apoio do PSOL, PCdoB, PDT e PSB.
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