Presidenciáveis defendem impeachment de Bolsonaro
A defesa do impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) tem ganhado força desde as falas golpistas do presidente no 7 de Setembro. Ainda nesta quarta-feira, 8, um dia após as manifestações pró-Bolsonaro, houve adesão de novos partidos e presidenciáveis.
O PSDB declarou nesta quarta-feira que é oposição ao governo e que debate internamente o apoio ao impeachment. Em nota , a direção tucana aproveitou para atacar seu rival histórico, o PT,e afirmou que “o modelo político e econômico petista [é] também responsável pela profunda crise que enfrentamos”. No PSDB, a adesão ao impeachment será discutida e aprofundada entre as bancadas e os líderes tucanos.
O PT de Lula e o PDT de Ciro, que buscam o impeachment há mais tempo, querem ampliar o isolamento de Bolsonaro.
“Seja pelos ataques às instituições e à democracia, seja pelo envolvimento com as rachadinhas e as milícias, seja pelo gabinete do ódio e das fake news, seja pelas sabotagens que promoveu no combate ao coronavírus”, afirmou o ex-presidente Lula em nota enviada à reportagem nesta quarta.
“Já existem mais de 100 pedidos e nenhum foi votado porque pararam na presidência da Câmara. Os partidos políticos devem cobrar a abertura do processo de impeachment. O povo brasileiro não merece e não pode seguir sofrendo neste governo de destruição”, completou Lula.
O presidenciável Ciro Gomes (PDT), que há tempos defende o impeachment, reforçou após os atos do 7 de Setembro a necessidade de uma ação conjunta a fim de garantir a estabilidade democrática e a realização das eleições de 2022. O PDT endossa formalmente pedidos de afastamento do mandatário.
“Bolsonaro tem vários crimes. O de terça é mais um. Ele tem que sair, está fazendo mal para o Brasil. Mas o comando dos partidos muitas vezes não tem os votos dos seus deputados. O governo tem uma negociação forte”, afirma o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), também presidenciável.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que também constrói sua candidatura, se mantém neutro. Seu principal fiador, Gilberto Kassab (PSD), deu passos em direção ao impeachment ao criar uma comissão sobre o tema no partido.
Em comum, os partidos e seus líderes negam cálculo eleitoral ao estimular a remoção de Bolsonaro, mas, nos bastidores, há conversas sobre qual seria o melhor cenário para 2022 e resistência em formar uma frente ampla, da esquerda à direita, para elevar a pressão pelo impeachment.
Políticos defensores do impeachment planejam engrossar a mobilização apesar da fragmentação da oposição e apesar da sinalização do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta, de que não levará o assunto ao plenário.