SEM RETRATAÇÃO
Senador se recusa a pedir desculpas a Marina Silva e polemiza
"Minha mulher me bota pra fora de casa", diz o congressista
Por Gabriela Araújo e Redação

O senador Plínio Valério (PSDB-AM) demonstrou resistência em apresentar qualquer tipo de pedido de desculpas pública à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com quem protagonizou um bate-boca durante sessão na comissão de Infraestrutura.
“Se eu pedir desculpas para a Marina, não entro em casa, minha mulher me bota pra fora. E não me elejo nem vereador”, disse o congressista nesta quinta-feira, 29, após desembarcar em um voo vindo de Brasília no Aeroporto de Manaus.
O parlamentar foi alvo de críticas na última terça-feira, 29, durante audiência no colegiado, após afirmar que “a mulher merece respeito", mas "a ministra, não", em referência a Marina Silva.
O senador amazonense também negou que as falas contra a integrante do governo Lula (PT) tenham caráter misógino e machista, mas admite parcialmente a culpa pelas declarações.
“Admito que fui sem educação, mas não misógino, nem machista. Quem me conhece pelos corredores do Senado sabe que sou um cavalheiro”, afirmou, e acrescentou: “O mundo está muito chato com essa cobrança de machismo. Não se pode falar mais nada”.
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Os embates no colegiado foram inflados pela construção da pavimentação da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus, e é defendida pelo presidente Lula (PT). Após a série de embates, e sem receber um pedido de desculpa, a ministra abandonou a sessão.
Vou até o último dia do meu mandato lutando e pagando preço da incompreensão de alguns p mostrar que as cobranças a min Marina não tem nada a ver com misoginia . E ela sabe disso , mas faz o jogo político. “Uma estrada só para passear de carro.” Foi assim q ela referiu à BR-319. pic.twitter.com/jK3FSsJFTo
— Plínio Valério (@PlinioValerio45) May 29, 2025
Declarações polêmicas do senador
Em março deste ano, Plínio Valério polemizou ao afirmar ter sentido vontade de enforcar Marina Silva em uma sessão da CPI das ONGs. Na ocasião, o parlamentar disse ter sido difícil "tolerar" a ministra falando por seis horas seguidas.
"A Marina esteve na CPI das ONGs: seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la", disparou.
Marina ovacionada
Os aplausos para a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, que tomou posse na quarta-feira, 28, em Brasília, se voltaram para Marina Silva, após os ataques e ofensas sofridos pela titular na comissão do Senado.
Quem iniciou os discursos a favor de Marina foi a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que voltou a demonstrar indignação com a atitude dos congressistas e sugere que o ato de posse da nova ministra sirva como reparação a violência verbal praticada contra Silva.
“Esse ato de posse da Márcia tem que se transformar num ato de desagravo à ministra Marina Silva. Não podemos mais deixar que essas coisas aconteçam sem mostrar nossa profunda indignação. Deixar esse registro não só como ministra, mulher e militante política, mas também em nome do governo do presidente Lula. Não é admissível isso”, disse Gleisi.
Em defesa de Marina
As falas dos parlamentares, consideradas machistas, gerou reação no primeiro escalão do governo Lula (PT) e mobilizou os parlamentares no Congresso Nacional.
A primeira-dama Janja da Silva, que também não compareceu à posse de Márcia Lopes, postou uma nota de solidariedade a Marina na terça-feira, 27, e repudiou as declarações dos políticos.
Impossível não ficar indignada com os desrespeitos sofridos pela ministra Marina Silva durante sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado”, iniciou a mulher de Lula (PT).
Lula se posiciona
O presidente Lula (PT) ligou para Marina Silva, na terça-feira, 27, após a ministra do Meio Ambiente discutir com senadores e abandonar uma sessão da Comissão de Infraestrutura na Casa.
Segundo informações divulgadas pela pasta, Lula prestou solidariedade e afirmou que a ministra agiu de maneira correta ao bater de frente com os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM).
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