FERRO-VELHO
Caso ferro-velho: sumiço de jovens começou com cárcere privado e tortura
Paulo Daniel e Matusalém Silva desapareceram no dia 4 de novembro após saírem para trabalhar em um ferro-velho
Por Luan Julião e Leo Moreira
Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz desapareceram no dia 4 de novembro após saírem para trabalhar em um ferro-velho. Antes de sumirem, os dois foram acusados pelo dono do local, Marcelo Batista da Silva, de furtar alumínio. Marcelo, apontado como o principal suspeito do crime, segue foragido.
Na manhã desta terça-feira, 17, a Polícia Civil, prenderam dois suspeitos de de envolvimento no desaparecimento dos dois jovens, um soldado da Polícia Militar, conhecido como Maguila e um homem conhecido pelo apelido de 'Cabecinha' que trabalha como gerente do ferro-velho onde Paulo Daniel e Matusalém Silva foram vistos pela última vez. Ele seria o responsável por manter contatos frequentes com Marcelo Batista, dono do estabelecimento e principal suspeito.
Marcelo Batista da Silva, dono do ferro-velho, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no dia 9 de novembro e, segundo as investigações, teria fugido do país. O nome do empresário aparece também em outras investigações relacionadas a crimes diversos.
Em entrevista, o delegado José Nélis, da 3ª Delegacia de Homicídios, explicou o desenrolar das investigações.
"No domingo já existe uma ação de Marcelo, que nós entendemos já ser uma provável tentativa de homicídio, inclusive. Ele acredita que um dos funcionários tenha subtraído o material. A seguir, ele surpreende as vítimas, Paulo Daniel e Matusalém, que não têm absolutamente nenhuma ligação com essa subtração, que seria por outro funcionário. Então, a partir disso, ele já começa a atuar mantendo esses funcionários em cárcere privado, depois, provavelmente, evoluindo para a tortura até o duplo homicídio de Matusalém e Paulo Daniel."
Segundo o delegado, o grupo de Marcelo teria um histórico criminoso.
"Essa associação, naturalmente, não é uma associação que se forme no momento, é uma associação que tem um perfil de duração no tempo. Então, nós investigamos que essas pessoas que estão associadas a Marcelo têm com ele um pacto e têm praticado crimes de forma reiterada. Então, Marcelo hoje tem sido investigado não só nesse duplo homicídio, mas também em outros crimes daqui."
Ele destacou ainda a articulação entre as autoridades para apurar os crimes atribuídos ao empresário.
"A nossa perspectiva no DHPP, com a organização do nosso diretor adjunto e da nossa diretora, doutora Andrea, junto com o Ministério Público e o Poder Judiciário, é que a gente possa concluir simultaneamente todos os procedimentos e indiciar Marcelo em todos os homicídios que ele praticou nessa cidade."
Sobre a possível atuação do ferro-velho como base para crimes, o delegado revelou indícios preocupantes.
"Existe, sim, uma efetividade de Marcelo em uma série de crimes. A associação criminosa é uma delas, até porque os crimes e a formação societária desse grupo de Marcelo são algo que dura no tempo, não é de agora. Não é de agora que Marcelo vem praticando crimes, não é de agora que Marcelo vem se associando a esses indivíduos para a prática de crimes. No que foi delatado ao DHPP, esse ferro-velho seria, na verdade, um instrumento de logística, para que eles pudessem praticar outras séries de crimes e que, nesses contêineres que rodam pela Bahia, talvez, como diz a testemunha, seria empregado na comercialização ilegal de armas de fogo, inclusive para facções de Salvador."
As buscas por Marcelo Batista da Silva continuam, e a polícia segue com as investigações para localizar os corpos de Paulo Daniel e Matusalém, desaparecidos desde o início de novembro.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes