POLÍCIA
Dono de ferro-velho rebate acusações sobre desaparecimento de funcionários
Eles foram vistos pela última vez na segunda-feira, 4 de novembro
Por Da Redação
O proprietário de um ferro-velho, inicialmente identificado como Marcelo, está sendo apontado por familiares de dois funcionários desaparecidos como o principal suspeito pelo sumiço dos jovens. Paulo Daniel, de 23 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25, trabalhavam em Pirajá, bairro de Salvador, e foram vistos pela última vez na segunda-feira, 4 de novembro. Desde então, não há informações sobre o paradeiro dos dois.
Marcelo, o proprietário, rebatu as acusações e apresentou sua versão dos fatos em entrevista à TV Record. Segundo ele, havia notado atividades suspeitas relacionadas a furtos dentro do ferro-velho. Ele afirma que, após registrar uma queixa, recebeu uma informação de que Paulo Daniel e Matusalém estariam envolvidos no desvio de mercadorias.
"Eu fui fazer a queixa, expliquei sobre o buraco, expliquei tudo. Aí, quando voltei pra empresa, meu funcionário, correndo, me relatou que esse Paulo Daniel e esse menino estavam jogando os fardos pelo buraco. Foi quando a gente chamou ele na minha sala, e aí eles tentaram evadir. A gente segurou ele pra que ele pudesse dar uma explicação sobre quem estava furtando. Tem testemunha e tudo", contou.
"Aí, depois que a gente sentou e conversou, eles disseram quem foi, saíram pra poder... Me deram a palavra de que, no dia seguinte, iam fazer um novo furto pra poder prender os rapazes. Inclusive, ele disse que o comando era dele, que os caras só viam quando ele jogava o fardo no buraco".
Além disso, Marcelo relatou que as câmeras de segurança do estabelecimento estavam danificadas há meses, o que inviabilizou o registro dos supostos furtos. Ele declarou que acredita que as câmeras foram propositalmente destruídas pelos próprios funcionários, de forma gradual, para evitar a captura das atividades suspeitas.
"Essas câmeras foram todas destruídas pelos próprios funcionários há mais de dois meses, porque, se tivesse filmado, eu pegava um ladrão que estava me roubando no domingo. Meu encarregado até comentou: ‘Tem que ligar essas câmeras.’ Eu falei: ‘Mas tem que ligar a energia.’ Pra ligar a câmera vai ser uma trabalheira, e as câmeras estavam todas quebradas".
"Eu não tive a sacada de que eles próprios vinham quebrando as câmeras para não ser registrado, mas eu não desconfiei que eles estavam quebrando devagarzinho, uma por uma, porque a minha lógica era ligar a energia, que foi cortada há meses. Aí, vocês podem ver na Coelba. Esse galpão é só usado para armazenamento, e eu não percebi que eles iam quebrando com o tempo, né? E por isso que eu não tenho a filmagem – as câmeras não funcionavam há um bom tempo."
Marcelo também desmentiu rumores de que teria sido expulso da Polícia Militar e de que teria incendiado o próprio carro para prejudicar as investigações.
"Eu nunca fui expulso da Polícia Militar; essa é a maior mentira do mundo. Eu nunca fui expulso da Polícia Militar, eu pedi pra sair da Polícia Militar. Podem pedir um ofício da Polícia Militar e vocês vão constatar que eu nunca fui expulso – eu pedi pra sair da polícia."
"Meu Deus do céu, como é que eu vou queimar o meu próprio carro? Isso aí provavelmente foi a família, tanto que eu tô aqui do meu lado pra tirar as carretas daí da rua. Como é que eu vou me dar um prejuízo? Como é que eu vou me queimar? Como é que eu vou queimar o meu próprio carro, gente? Vocês não estão vendo que isso é a maior loucura?".
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A respeito do andamento das investigações, Marcelo demonstrou receio de se apresentar à polícia sem uma garantia de que não seria preso preventivamente. Ele defendeu a necessidade de um habeas corpus para poder apresentar seu testemunho e o de seus funcionários sem perder sua liberdade.
"Eu quero me apresentar pra dar minha versão, mas eu não quero ficar preso. Eu não quero ter a minha liberdade cerceada. Meu advogado falou que eu posso ser preso até que termine a investigação, três, quatro meses. Quem quer ficar três, quatro meses enjaulado? A liberdade é nosso bem mais precioso, então eu preciso de habeas corpus pra ir até a delegacia com as minhas testemunhas pra apresentar todos os fatos."
Marcelo também levantou dúvidas sobre a rapidez com que a família de um dos desaparecidos entrou em contato com ele, questionando se alguém poderia tê-la alertado antes.
"Uma coisa que me deixa intrigado é que o funcionário saiu e, à meia-noite, a mulher dele já me ligou me acusando: ‘Cadê meu marido? Você vai dar conta, não sei o quê?’ Parecendo que alguém tinha avisado a ela. Cara, uma coisa que me chama a atenção é que, à meia-noite, os parentes dele já me ligaram me acusando, dizendo que eu tinha que dar conta do marido dela, que eu tinha dado fim no marido dela. Parecendo que alguém tinha ligado pra ela pra avisar que eu era o culpado pelo sumiço do marido, parecendo que era algo montado", disse.
Com certeza, esses meninos saíram de lá, alguém fez alguma coisa com ele. Provavelmente, os caras estavam roubando junto com ele, e esses caras ligaram pra família dela avisando que fui eu. Mesmo que eu tivesse feito alguma coisa, como é que ela ia saber que fui eu? Tá vendo que isso não bate? Provavelmente, foi alguém que fez alguma coisa com ele e já ligou pra família dela avisando que fui eu. Isso não tem lógica, gente. Eu preciso de um habeas corpus, eu preciso apresentar a realidade dos fatos. Abri a empresa, mostro tudo, mostro o depoimento dos funcionários que testemunharam tudo", completou.
A polícia ainda investiga o desaparecimento de Paulo Daniel e Matusalém. Até o momento, nenhum novo indício sobre o paradeiro dos jovens foi revelado.
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