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Lideranças indígenas fazem balanço de acampamento: “Avanços”
Movimento reuniu 1.500 indígenas de diferentes povos do estado da Bahia
Por Bianca Carneiro
Chegou ao fim, na quinta-feira, 7, a sexta edição do Acampamento Terra Livre Bahia (ATL). O movimento reuniu 1.500 indígenas de diferentes povos do estado nas imediações da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), em Salvador, para debater pautas importantes para a comunidade.
Após o evento, que começou na segunda-feira, 4, lideranças de diversas etnias compartilharam suas experiências, conquistas e desafios, reafirmando a importância da união e da luta pela defesa de seus territórios e culturas. Ao Portal A TARDE, o cacique Sussuarana Morubixaba, do povo Tupinambá de Olivença, afirmou que o ATL trouxe avanços, e destacou compromissos assumidos pelo governo estadual em relação à saúde, educação e demarcação de terras indígenas.
“Para mim, foi muito positivo. A expectativa para o próximo ano é a melhor possível. A gente já vem para o próximo ATL com alguns avanços, porém, ainda estamos lutando pela proposta de demarcação de terra junto aos povos indígenas da Bahia. Uma das demandas mais importantes é a assinatura das Portarias Declaratórias dos polos Tupinambá, Tumbalalá, Barra Velha e Belmonte”, diz.
Liderança feminina e voz ativa no combate ao genocídio indígena, a cacica Maria Erineide Rodrigues, do povo Truka Tupan, celebrou o recebimento de uma ambulância para apoiar as demandas de saúde da comunidade, localizado no município de Paulo Afonso.
“Foi uma conquista grande, e vai nos beneficiar muito”, frisa.
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Representatividade e integração
Representante do povo Kiriri, Fabiana destacou a importância do artesanato indígena, que estava sendo comercializado no acampamento, como fonte de renda e identidade cultural. No entanto, ela também pediu que o próximo ATL dê mais espaço para artistas indígenas nos momentos de shows e atividades culturais que acontecem dentro da programação.
“É importante ter bandas indígenas, porque, nós temos diversidade de nossos artistas, artista, repentista, tem aquela galera que toca forró, que mora dentro da aldeia e que tem seu talento. Quando coloca essas bandas de fora, desvaloriza um pouco, quebra esse clima, porque nós temos que fortalecer a nossa cultura, a nossa identidade, o nosso povo“, opina.
Em um intercâmbio Bahia x São Paulo, o cacique Alex Werá Kaimbé frisou a importância da união entre os povos indígenas, defendendo a necessidade de superar as fronteiras e construir uma luta conjunta. A liderança também ressaltou a importância de dar voz aos indígenas urbanos, que, muitas vezes, são invisibilizados.
“Eu vim de São Paulo justamente para entender um pouco mais como é que funciona as lutas dos povos indígenas aqui da Bahia. Essa conjuntura precisa melhorar muito. Eu sou indígena, tanto de território, como do contexto urbano, quero trazer mais consciência, porque, nós precisamos ser respeitados com um olhar mais apurado pelo poder público em qualquer local”, analisa.
E mesmo ainda sem uma data para acontecer, o ATL do próximo ano também deve contar com a presença do cacique. A liderança também revelou que pretende instaurar uma comitiva para dar maior visibilidade à situação dos indígenas que vivem em contexto urbano.
”Quero fortalecer essa relação Bahia e São Paulo. Eu espero que, realmente, isso não enfraqueça, porque hoje nós somos povos com dificuldades em comum, e precisamos ganhar força. No próximo ano, vou formalizar uma comitiva de indígenas em contexto urbano para mostrar a nossa cultura, para mostrar que nós, indígenas, independente de onde moramos, estamos mantendo a nossa cultura viva, e representando nosso território”, finaliza.
Confira mais fotos do ATL Bahia
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