SALVADOR
PCC e CV: saiba o que fim da trégua entre facções significa para Salvador
Fim da aliança foi divulgado nesta segunda-feira, 28
Por Victoria Isabel

As facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) romperam a aliança firmada em fevereiro deste ano, nesta segunda-feira, 28. Com o fim do acordo, o PCC passou a controlar o tráfico de drogas em diversos bairros de Salvador anteriormente dominados pela Tropa do A, que foi extinta, segundo comunicado divulgado pelos próprios integrantes da facção.
Após o fim da trégua, bairros como Sussuarana, São Marcos, Pau da Lima, Jardim Cajazeiras, Cajazeiras XI e Cosme de Farias passaram a estar sob o domínio do PCC na capital baiana.
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Em entrevistaao portal A TARDE, o advogado Vinícius Dantas, mestre em Segurança, Direito Penal e Direitos Humanos pela Universidade de Salamanca, na Espanha, e pós-graduado em Criminologia, analisou os efeitos do rompimento entre as facções e afirmou que agora, as facções podem ficar enfraquecidas.
“Essa trégua entre essas duas facções criminosas fazia com que uma não atacasse o território da outra, além do trânsito livre sem ter nenhuma represália. Isso fez com que o poder das duas facções aumentasse em relação às outras facções criminosas. Então esse rompimento da aliança faz com que elas venham a se enfraquecer".
A trégua, que durou cerca de dois meses, tinha como principal objetivo pressionar o governo federal a flexibilizar as rígidas normas do Sistema Penitenciário Federal (SPF), onde estão detidos os principais líderes de ambas as organizações. O pacto também envolvia o compartilhamento de rotas do tráfico e a tentativa de manter a paz dentro dos presídios.
Apesar do possível enfraquecimento das facções, Dantas alerta que o fim da aliança não representa ganhos reais para a população. Isso porque a ruptura aumenta o risco de confrontos entre membros das organizações criminosas.
“A sociedade ganha em um ponto porque com as duas facções tomando o seu rumo, enfraquece aquele grupo criminoso que era um maior e agora são dois, porém, eles não perdem a sua capacidade lesiva que tinham com a aliança. Elas vão se atacar e o trânsito de uma localidade para outra vai ser dificultado, fazendo com que apareceram várias práticas delituosas ocorram naquelas localidades".
Segundo o especialista, em áreas controladas pelo tráfico de drogas, além da própria comercialização de entorpecentes, será comum o aumento de homicídios, tentativas de invasão, extorsões, agressões e outros crimes relacionados à disputa por território.
Dantas também ressalta que o único aspecto potencialmente positivo da ruptura é a chance de o Estado atuar com mais efetividade. “É uma oportunidade para o Estado fazer seu trabalho porque elas vão estar enfraquecidas. A ostensividade que a polícia exerce contra elas terá que se redobrar. Porque além do combate ao tráfico de drogas, vão ocorrer confrontos entre as duas facções”.
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