SAÚDE
Alerta: sedativo para animais cria crise de abstinência mortal
Sedativo 200 vezes mais potente que a xilazina satura mercado de fentanil

Por Isabela Cardoso

Uma nova e aterrorizante substância está transformando o cenário da crise de opioides nos Estados Unidos. A medetomidina, um poderoso sedativo e anestésico veterinário, substituiu a xilazina (conhecida como "droga zumbi") e já atinge 91% do suprimento de fentanil em cidades como Filadélfia.
Diferente de outras crises, o maior perigo agora não é apenas a overdose, mas uma abstinência avassaladora que ameaça a vida em poucas horas.
Originalmente fabricada para uso em animais, a medetomidina é até 200 vezes mais potente que seus antecessores. Para os traficantes, o custo é baixo e o poder de vício é extremo: basta uma pequena quantidade misturada ao fentanil para causar desmaios instantâneos e dependência severa.
Sintomas catastróficos e UTIs lotadas
A "crise de abstinência", como médicos e equipes de emergência passaram a chamar, tem paralisado hospitais. Enquanto o uso da droga derruba a frequência cardíaca, a falta dela provoca o efeito oposto e violento:
- Pressão arterial letal: Níveis tão altos que podem causar danos cerebrais permanentes.
- Colapso físico: Vômitos e tremores incontroláveis, convulsões, delírios e alucinações.
- Pânico sistêmico: Pacientes experimentam um estado de terror absoluto e dor nervosa intensa.
De acordo com registros de saúde pública de Filadélfia, os atendimentos de emergência por abstinência saltaram de 2.787 em 2023 para 7.252 nos primeiros nove meses de 2025.
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O medo dos sintomas é tão grande que muitos usuários recusam tratamento, temendo que os hospitais não consigam conter a agonia da desintoxicação.
O rastro da droga: da China às ruas americanas
A medetomidina é fabricada principalmente na China e comprada facilmente online. Além da Filadélfia, a substância já foi detectada em estados como Massachusetts, Flórida, Colorado, Ohio, Nova Jersey e Illinois.
Nas ruas, o cenário é de devastação: pessoas colapsadas em calçadas, despertando apenas para buscar a próxima dose que interrompa o ciclo de dor da abstinência.
Relato de sobrevivência: o caso de Joseph
Joseph, de 34 anos, viveu o auge desse pesadelo. Em entrevista ao The New York Times, ele relatou o momento em que caiu em convulsão no chão após poucas horas sem a droga. "Meu coração batia tão freneticamente que parecia um ataque de pânico sem fim", relembrou.
Após anos de vício e o corpo em ruínas, Joseph conseguiu sobreviver a sete dias de internação, a maioria na UTI, e hoje, com seis meses de sobriedade, atua como voluntário para ajudar outros dependentes. "Quero mostrar que a recuperação está ao alcance, logo do outro lado", afirma ele, que agora administra uma casa de recuperação.
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