SAÚDE
Brasil tem alta histórica de mortes infantis evitáveis por vacinação
Coqueluche lidera mortes de menores de 5 anos; queda da vacinação preocupa especialistas

Por Isabela Cardoso

O Brasil registrou em 2024 um salto preocupante nas mortes de crianças menores de cinco anos por doenças evitáveis pela vacinação, segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Foram 48 óbitos, um aumento de 220% em relação a 2021, evidenciando os efeitos da queda na cobertura vacinal nos últimos anos.
Em comparação a 2021, quando 15 mortes foram registradas, o crescimento foi de 220%, um aumento diretamente ligado à queda nas coberturas vacinais. A recuperação recente dos índices ainda não alcançou as metas recomendadas.
“Esse dado é muito preocupante porque é uma situação que vem da baixa cobertura vacinal”, afirma Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Coqueluche lidera os óbitos
A coqueluche foi responsável pela maior parte das mortes em crianças menores de cinco anos, com 21 óbitos registrados em 2024. A doença, causada pela bactéria Bordetella pertussis, é prevenível com a vacina pentavalente, aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, e com a DTPa em gestantes, que protege o recém-nascido.
O aumento da doença foi expressivo: mais de 2.152 casos foram registrados, um crescimento de 1.200% em relação aos anos anteriores, segundo o Observatório de Saúde na Infância.
"A coqueluche não foi um problema só no Brasil, mas o mundo inteiro vivencia uma alta a partir de 2023. Era esperado um aumento aqui, e por isso era fundamental termos coberturas melhores. A principal estratégia para proteger da doença é vacinar a gestante e o bebê", reforça Juarez.
Outras doenças evitáveis
Além da coqueluche, outras doenças também causaram óbitos, incluindo:
- Tuberculose do sistema nervoso: 13 mortes
- Meningite bacteriana: 9
- Tuberculose miliar: 2
- Difteria, caxumba e doenças virais congênitas: 1 cada
Todas essas doenças têm vacina disponível gratuitamente no SUS.
Impacto da queda na vacinação
Segundo especialistas, os números refletem diretamente períodos de baixa cobertura vacinal, principalmente entre 2019 e 2021. Apesar da recuperação em 2023 e 2024, muitas vacinas ainda apresentam índices abaixo do esperado.
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“Ainda temos muitas delas em baixa. A vacinação contra influenza só atingiu 50% do público-alvo de gestantes”, alerta Cunha. "Essas coberturas de vacinas só agora, em 2023 e 2024, começaram a melhorar. Além disso, tivemos períodos de falta da vacina, como a BCG [que protege contra formas graves da tuberculose]. E ainda convivemos com a desinformação, que impacta não só as vacinas de rotina, como as campanhas de imunização", diz.
Distribuição geográfica dos óbitos
Em 2024, 17 estados e o Distrito Federal registraram mortes evitáveis por vacinação, com destaque para Sudeste e Sul, que lideram os casos:
- São Paulo - 7 mortes
- Rio de Janeiro - 5
- Paraná - 5
- Santa Catarina - 5
- Minas Gerais - 4
Outros estados, como Amazonas, Pará, Maranhão e Pernambuco, também registraram óbitos.
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