SAÚDE
OMS alerta: 15 milhões de adolescentes já usam cigarro eletrônico
Popularidade desses dispositivos está associada à percepção equivocada de que são “mais seguros”

Por Isabela Cardoso

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta semana o primeiro levantamento global sobre o uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes. O relatório, publicado no Global Tobacco Epidemic Report 2025, aponta que 15 milhões de adolescentes entre 13 e 15 anos já utilizam esses dispositivos no mundo.
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a tendência é preocupante e representa “uma ameaça emergente à saúde pública", já que o crescimento do consumo ocorre em ritmo mais acelerado que o do cigarro tradicional.
“A indústria do tabaco está criando uma nova geração de dependentes, com produtos que mascaram o perigo e mantêm o vício sob outra forma”, afirmou Tedros em comunicado oficial.
Queda do cigarro tradicional, mas avanço dos vapes
O estudo mostra que, apesar da redução de cerca de 25% no número de fumantes adultos nas últimas duas décadas, o tabagismo ainda atinge 1 em cada 5 pessoas no planeta, o equivalente a mais de 1 bilhão de fumantes ativos.
Enquanto isso, o uso de cigarros eletrônicos cresce principalmente em países de alta renda, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Coreia do Sul. Segundo a OMS, a popularidade desses dispositivos está associada à percepção equivocada de que são “mais seguros” do que o cigarro convencional. Uma informação que, de acordo com as evidências científicas, não se confirma.
“Os riscos à saúde respiratória e cardiovascular são semelhantes aos do tabaco tradicional”, reforça o documento.
Jovens são o grupo mais afetado
Entre os 13 e 15 anos, o uso de vapes disparou e tornou-se o principal foco de alerta. A OMS cita fatores como a facilidade de compra online, muitas vezes sem verificação de idade, e o design chamativo com sabores artificiais de frutas e doces.
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A influência de redes sociais e influenciadores digitais também tem papel central na disseminação do hábito, especialmente em países com pouca regulamentação.
Estudos indicam que usuários jovens de cigarros eletrônicos têm o dobro de chances de migrar para o cigarro comum, o que pode comprometer décadas de avanços nas políticas de combate ao tabagismo.
Ações e recomendações globais
Para conter o avanço, a OMS recomenda que governos proíbam o marketing desses produtos, restringam a venda de itens com nicotina a menores de idade e apliquem impostos e regras de rotulagem semelhantes às do cigarro tradicional.
Atualmente, apenas 34 países proíbem totalmente a comercialização de cigarros eletrônicos, enquanto outros 88 adotam restrições parciais. A organização também pede maior controle de publicidade em plataformas digitais, onde marcas usam influenciadores e estratégias de gamificação para alcançar o público jovem.
Situação no Brasil
No Brasil, a Anvisa mantém desde 2009 a proibição de importação, venda e propaganda de cigarros eletrônicos. Ainda assim, o consumo cresce no país de forma clandestina, sobretudo entre adolescentes e jovens adultos.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o número de usuários brasileiros já chega a 2,5 milhões, quatro vezes mais que há cinco anos. As autoridades alertam para os riscos de lesões pulmonares causadas por substâncias químicas inaladas e para o alto potencial de dependência da nicotina líquida.
Uma nova fase da epidemia da nicotina
O relatório conclui que, embora o cigarro tradicional esteja em queda, os vapes representam uma nova face da dependência química.
“É um produto diferente, mas com o mesmo objetivo: criar e manter dependência”, resume o texto.
A OMS reforça que a prioridade global deve ser proteger crianças e adolescentes de estratégias de marketing que exploram o apelo tecnológico e digital para conquistar novos consumidores.
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