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Os brasileiros estão tirando os sapatos em casa - e o motivo choca

Tirar o sapato virou regra? Entenda os riscos invisíveis trazidos da rua

Por Ana Cristina Pereira

19/05/2025 - 6:00 h
Tirar os sapatos virou rotina após a Covid-19
Tirar os sapatos virou rotina após a Covid-19 -

Os impactos da pandemia do Coronavírus ainda estão sendo dimensionados pelos cientistas, mas cuidados “forçados” pelo medo da contaminação vieram para ficar em muitas casas. Um deles é o hábito de deixar os sapatos usados na rua do lado de fora ou em um espaço pensado exclusivamente para eles. A emergência sanitária ajudou a popularizar o costume, que para muita gente já era antigo e ainda contribuiu para conscientizar os mais resistentes sobre o que fazer ao se deparar com uma pilha de calçados na entrada.

“Antes eu ficava com vergonha de pedir para as visitas tirarem o sapato, mas depois da Covid eu nem preciso ficar falando, então é um alívio”, conta a professora aposentada Cecília Costa. Ela cresceu com a mãe pedindo para trocar o sapato pelas havaianas quando chegava da rua, achava que era só uma “mania de limpeza”, mas quando ficou adulta passou a valorizar o cuidado. “Além de manter a casa limpa, acredito que aumenta a segurança. Sei que tem gente que não gosta de andar descalço e eu não insisto, mas deixo uns chinelos a mais na entrada”, brinca.

Estudos mostram riscos do uso de sapatos da rua dentro de casa

A preocupação de Cecília está respaldada em estudos como o divulgado pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, cuja conclusão mostrou que 96% dos sapatos analisados testaram positivo para bactérias coliformes, geralmente encontradas nas fezes.

“Sapatos também carregam substâncias químicas e alérgenos. Pesquisas mostram que calçados usados na rua podem conter pesticidas, herbicidas e metais pesados como chumbo – extremamente perigosos, especialmente para crianças pequenas e animais de estimação”, escreveu a professora Manal Mohammed, da Universidade de Westminster (Reino Unido), em texto sobre o estudo.

Saúde das crianças: por que evitar sapatos sujos dentro de casa

Quem tem criança em casa, sobretudo menores de 3 anos, sabe que precisa redobrar os cuidados, como faz a enfermeira e dançaria Cathy Paiva, mãe de Luca e Caio, respectivamente com 4 anos e 1 ano e 9 meses. “Ninguém entra aqui em casa com sapato”, afirma Cathy, que adotou o hábito durante a pandemia, preocupada em aumentar a segurança doméstica.

“Não custa nada diminuir os riscos a que estamos expostos, e não falo apenas da sujeira visível”, pontua, acrescentando que a crise sanitária trouxe também mais informações sobre estes e outros cuidados, que deixaram de ser vistos como toque ou excesso.

No seu apartamento, ela, as crianças, o marido e a diarista já fazem a parada obrigatória no cantinho reservado aos sapatos. Quando fica muito “sem jeito” de pedir para uma visita desavisada, passa pano no chão assim que ela vai embora. “É sobre saúde, segurança e higiene”, reforça Cathy, que leva a preocupação para o estúdio de dança Live 2 Dance, onde atua. Por lá, logo após as aulas feitas com tênis, a sala é limpa para as modalidades em que as pessoas ficam descalças ou usam sapatilhas.

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Para o pediatra Samir Nahass, a preocupação em lares com crianças deve ser reforçada mesmo até elas completarem três anos de idade, quando correm mais riscos.

“A criança é um ser em processo de formação, vulnerável do ponto de vista biológico, e os sapatos trazem consigo muitos microrganismos da rua”, observa o médico, que destaca a necessidade de cuidados com crianças prematuras ou com alguma patologia (o que vale também para adultos), incluindo a higienização das mãos e o uso de máscaras.

Além de dar o exemplo, o médico aconselha aos pais a explicar de forma simples e clara os motivos para as crianças, dizendo, por exemplo, que é “para não trazer os bichinhos da rua para dentro de casa”. Mas ele recomenda uma dose de bom senso.

“Em algumas situações sociais, como visitas rápidas e ambientes externos dentro de casa pode-se ter um pouco mais de flexibilidade, sem comprometer a segurança geral”, pontua doutor Samir, que é coordenador de neonatologia do hospital Mater Dei Salvador e Emec, em Feira de Santana.

Risco é baixo, mas hábito é recomendado, diz infectologista

Até porque, observa o médico, vírus e bactérias fazem parte da vida de todo mundo. E no caso dos recém-nascidos, outras preocupações fazem mais sentido, como mantê-los longe de lugares de grande circulação de pessoas, a exemplo dos shoppings ou restaurantes. Já para os maiores, vale reforçar a limpeza de tapetes ou áreas em que as crianças costumam brincar.

Mesmo adotando o hábito de tirar os sapatos sempre que chega em casa, a infectologista Lorena Galvão afirma que o risco de contaminação que eles trazem, para crianças e adultos saudáveis, é bem pequeno. “Os sapatos podem carregar sim, diferentes microrganismos e substâncias, mas o perigo de contaminação é muito baixo, a menos que as pessoas circulem em ambientes como clínicas ou hospitais”, reforça a especialista, que atua no Hospital da Bahia e na Clínica AMO. A exceção vai para pessoas transplantadas ou em tratamentos de doenças graves como câncer.

Segundo a médica, outros objetos dentro de casa são mais perigosos, como o celular e a mochila. O primeiro, diz, também carrega coliformes fecais, principalmente os de quem costuma levá-los ao banheiro. E são tranquilamente colocados em cima da mesa, às vezes ao lado do prato, e na cama. Já as mochilas, alerta a infectologista, costumam ser deixadas no chão nos espaços mais variados – até em banheiros públicos – e depois repousarem tranquilas em sofás e camas.

8 dicas para quem tem crianças em casa:

O pediatra Samir Nahass, coordenador de neonatologia do hospital Mater Dei Salvador e Emec, em Feira de Santana, enumera algumas dicas preciosas de higiene e cuidados para quem tem criança em casa

1. Estabelecer uma "zona limpa": definir uma área logo na entrada da casa para deixar os sapatos da rua.

2. Utilizar calçados de uso exclusivo dentro de casa, como Chinelos, pantufas ou meias antiderrapantes. .

3. Limpar regularmente os sapatos: para sapatos que não podem ser lavados, utilizar panos úmidos com álcool 70% ou produtos de limpeza específicos.

4. Manter a regra consistente dentro de casa é fundamental para a criança.

5. Dialogar com outras famílias. Conversar com pais de outras crianças sobre práticas de higiene.

6. Tornar a prática lúdica: criar um "jogo" de tirar os sapatos, com um cesto divertido ou um tapete com desenhos.

7. Higienizar as mãos: reforçar a importância de lavar as mãos das crianças (e dos adultos) ao chegar em casa.

8. Dedicar atenção especial a áreas de brincar: se a criança brinca em um tapete ou área específica, considerar a limpeza regular dessa superfície.

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