SAÚDE
Prevenção mais rigorosa: colesterol tem novos limites no Brasil
Sociedade Brasileira de Cardiologia lança atualização com metas mais rigorosas para prevenção de infartos e AVC

Por Isabela Cardoso

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou, nesta quarta-feira, 24, novas regras para o controle do colesterol. A atualização inclui metas mais rigorosas e uma categoria inédita de risco extremo para pacientes com histórico de múltiplos eventos cardíacos.
A atualização da diretriz de dislipidemias e prevenção da aterosclerose traz mudanças significativas para o acompanhamento do colesterol no país.
O principal destaque é a criação da categoria “risco extremo”, voltada a pacientes que já sofreram mais de um evento cardiovascular, como infarto ou AVC. Para eles, o LDL, conhecido como “colesterol ruim”, deve ficar abaixo de 40 mg/dL, o nível mais baixo já recomendado no Brasil.
Novas metas de LDL
Os parâmetros foram revistos e ficaram mais rigorosos. Veja como ficaram as faixas de colesterol de acordo com o risco:
- Baixo risco: <115 mg/dL (antes era <130 mg/dL)
- Intermediário: <100 mg/dL (sem alteração)
- Alto: <70 mg/dL (sem alteração)
- Muito alto: <50 mg/dL (antes era <70 mg/dL)
- Extremo: <40 mg/dL (nova categoria)
Como calcular o risco de cada pessoa
De acordo com o cardiologista Italo Menezes Ferreira, do Instituto Dante Pazzanese, a nova diretriz reforça que não existe um número único válido para todos.
"Primeiro é preciso estratificar o risco cardiovascular do paciente. Só a partir daí se define a meta de LDL adequada", explica, ao g1.
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Para isso, a SBC passa a recomendar modelos de cálculo mais abrangentes, como o escore Prevent, que estima a chance de infarto ou AVC em 10 anos levando em conta fatores como idade, pressão arterial, função renal e índice de massa corporal.
Por que reduzir mais?
Segundo o cirurgião cardiovascular Ricardo Kazunori Katayose, do Hospital Beneficência Portuguesa, a diretriz reconhece que pessoas já fragilizadas por múltiplos eventos precisam de medidas mais intensivas.

“Ao criar a categoria de risco extremo, a diretriz reconhece que pacientes que já tiveram múltiplos eventos precisam de metas mais agressivas”, afirma.
A recomendação é que todos os adultos façam pelo menos uma vez na vida a dosagem da lipoproteína(a), marcador associado a maior risco de infarto e AVC. O exame, porém, ainda não faz parte da cobertura do SUS nem está amplamente disponível nos planos de saúde.
Tratamento mais intenso
Outra mudança é a priorização da terapia combinada já no início do tratamento em pacientes de risco alto ou maior. A associação de estatina com ezetimiba, inibidores de PCSK9 ou até mesmo com ácido bempedoico pode reduzir o LDL em até 85%.
O cardiologista Italo Menezes Ferreira explica que o Brasil está em sintonia com recomendações internacionais. “Diversos estudos mostram que, quanto mais cedo e mais baixo for o controle do LDL, menor o risco de morte, infarto e AVC. Por isso, a diretriz brasileira está alinhada à europeia, que também reduziu metas recentemente”, afirma.
Estilo de vida segue fundamental
Mesmo com os avanços em exames e medicamentos, os especialistas ressaltam que os hábitos diários continuam sendo a principal arma de prevenção. Alimentação balanceada, atividade física regular, sono de qualidade, redução do álcool e abandono do cigarro seguem como pilares contra a aterosclerose.
“A vida moderna favorece a dislipidemia. Por isso, além das medicações, é preciso mudar hábitos”, reforça Katayose.
Expectativa
Com a atualização, a SBC espera impactar diretamente a queda da mortalidade cardiovascular no país. As mudanças chegam em um cenário de aumento do sedentarismo, obesidade e estresse crônico, fatores que ampliam o risco de infarto e AVC entre os brasileiros.
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