ALERTA ESPECIALISTA
Uso inadequado de medicamentos para emagrecer pode causar complicações
Efeitos adversos mais comuns das medicações afetam diretamente o trato digestivo
Por Isabela Cardoso
Com a aproximação das estações quentes, a busca pelo "corpo de verão" se intensifica, levando muitos a se prepararem para praias, piscinas e eventos ao ar livre. Essa corrida pela forma física ideal tem impulsionado uma prática preocupante: o uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento, frequentemente sem a orientação de profissionais de saúde.
Segundo a Dra. Mariana Cabral, endocrinologista da CliaGEN, os medicamentos para emagrecimento disponíveis no mercado brasileiro atuam principalmente na redução do consumo calórico, seja por controle do apetite, aumento da saciedade ou diminuição da absorção intestinal de gorduras.
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No entanto, seus efeitos adversos mais comuns afetam diretamente o trato digestivo: constipação severa, diarreia aguda, náuseas intensas, vômitos recorrentes, dispepsia (má digestão ou gastrite) e comprometimento na absorção de vitaminas essenciais.
“O médico que prescreve a medicação deve ter conhecimento dos potenciais efeitos colaterais e estar atento ao surgimento deles para controle e se necessário ajuste posológico ou até mesmo suspensão da mesma”, explica a médica, em entrevista ao Portal A TARDE.
A Dra. Cabral enfatiza que o uso contínuo desses medicamentos sem acompanhamento médico pode não apenas cronificar os sintomas gastrointestinais, mas também agravá-los significativamente.
“O paciente sem acompanhamento adequado tende a confundir o efeito colateral com efeito terapêutico, como controle do apetite, de algumas dessas medicações e acaba se colocando em risco. Náusea, vômitos, diarreia, prisão de ventre, dor abdominal, irritabilidade ou insônia que não melhoram devem sempre chamar a atenção para intolerância à medicação utilizada”, enfatiza.
A endocrinologista salienta ainda, que dores abdominais intensas e contínuas podem ser sinais de complicações graves, como colecistite ou pancreatite, o que exige avaliação médica urgente.
Segundo a Dra. Mariana, as medicações atualmente aprovadas em bula para tratamento da obesidade no Brasil não apresentam padrão de dependência. No entanto, alguns remédios podem agravar transtornos psiquiátricos prévios.
“O uso em pessoas com histórico de transtornos mentais deve ser feito com cautela e de preferência com aval do médico psiquiatra que acompanha o paciente. De forma geral, se o paciente desenvolve qualquer efeito colateral relevante, deve ter seu uso suspenso para que eventuais danos permanentes sejam evitados”, complementa.
Tratamento adequado
A obesidade é uma doença crônica e seu tratamento deve ser encarado da mesma forma, como sendo de longo prazo - crônico, afirma a endocrinologista. De acordo com a Dra. Mariana, o tratamento é pautado em ajustes alimentares - para o controle de calorias ingeridas, aumento de gasto energético e de massa muscular e, em alguns casos, se faz necessário o uso de medicações.
“Para serem aprovadas pelas agências reguladoras, como a Anvisa, para tratamento da obesidade, as medicações têm sua eficácia e segurança atestadas em ensaios clínicos controlados e, como toda droga, possuem efeitos colaterais conhecidos e descritos. Dessa forma, o tratamento medicamentoso da obesidade deve ser sempre supervisionado por médico habilitado e com experiência para que o paciente possa se beneficiar da melhor resposta possível e com controle de eventuais efeitos colaterais”, pontua.
As medicações para o tratamento da obesidade com aprovação em bula pela Anvisa são:
- Liraglutida (princípio ativo presente no Victoza e Saxenda)
- Semaglutida (princípio ativo presente no Wegovy, Ozempic, Rybelsus)
- Orlistate, a sibutramina e bupropiona associada à naltrexona (Contrave).
- Tirzepatida (Mounjaro)
A endocrinologista recomenda uma estratégia multidisciplinar para a perda de peso. “[Paciente] Deve receber auxílio profissional, de preferência uma equipe multiprofissional com nutricionista e endocrinologista, profissionais capacitados, atualizados e com experiência no tratamento da obesidade, para que o seu processo de perda de peso seja seguro, consistente e repercuta em mudança de estilo de vida duradoura”, ressalta.
Para aqueles determinados a alcançar uma forma física ideal para a próxima temporada, a Dra. Cabral é enfática: "Busque orientação de uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionista e endocrinologista. A busca pelo corpo ideal não deve comprometer a saúde. O uso responsável de medicamentos, quando necessário, combinado com mudanças sustentáveis no estilo de vida e acompanhamento profissional adequado, é o caminho mais seguro e eficaz para alcançar e manter um peso saudável, não apenas para o verão, mas para toda a vida.
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