TECNOLOGIA
Quem não tiver óculos IA ficará em desvantagem, diz Zuckerberg
Meta tem investido pesado neste segmento como futuro da tecnologia
Por Isabela Cardoso

Durante a divulgação do balanço financeiro do segundo trimestre da Meta, o CEO Mark Zuckerberg voltou a defender com entusiasmo uma de suas principais teses para o futuro da tecnologia: os óculos inteligentes equipados com inteligência artificial devem se tornar a principal interface de interação entre humanos e máquinas.
Para o empresário, quem não tiver acesso a essa tecnologia poderá estar em "desvantagem cognitiva significativa" em relação ao restante da população.
“Se você não tiver óculos com IA — ou alguma forma de interagir com a IA — provavelmente vai estar em desvantagem comparado com outras pessoas”, afirmou Zuckerberg durante a apresentação aos investidores.
A fala reforça um artigo publicado por ele próprio no blog da Meta no mesmo dia, no qual discute o papel da chamada “superinteligência” nos próximos anos.
Óculos com IA: áudio, visão e conteúdo em tempo real
A defesa enfática da tecnologia não é gratuita. Zuckerberg acredita que os óculos, como os modelos Ray-Ban Meta lançados recentemente, são a interface ideal para a próxima era digital, pois combinam áudio, visão e exibição de conteúdo digital em tempo real, possibilitando uma integração fluida entre o mundo físico e o digital.
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“Óculos vão ser basicamente o formato ideal para a IA, porque você pode deixar a IA ver o que você vê durante o dia, ouvir o que você ouve e falar com você”, explicou.
Segundo o CEO da Meta, o uso de telas integradas ou projeções holográficas, como nos futuros óculos Orion da empresa, ampliará ainda mais o potencial desses dispositivos no cotidiano das pessoas.
A Meta tem investido pesado nesse segmento. A linha Ray-Ban Meta, produzida em parceria com a gigante EssilorLuxottica, já mostra sinais promissores no mercado: as vendas mais que triplicaram no comparativo anual, mesmo sem grandes atualizações de hardware.

Prejuízo bilionário não desvia rota
Mesmo diante do otimismo de Zuckerberg, os números da divisão responsável pelos projetos de realidade aumentada e virtual da Meta continuam no vermelho. A Reality Labs, que desenvolve produtos como os óculos inteligentes e os dispositivos para o Metaverso, registrou um prejuízo operacional de US$ 4,53 bilhões apenas entre abril e junho deste ano.
Desde 2020, as perdas acumuladas da unidade já chegam perto dos US$ 70 bilhões, segundo o próprio relatório financeiro. Ainda assim, o CEO da empresa insiste que se trata de uma aposta de longo prazo, capaz de transformar a forma como interagimos com a tecnologia no cotidiano.
Especialistas do mercado interpretam o discurso como uma tentativa de justificar os investimentos robustos, com base em uma visão de futuro onde a IA estará presente em todos os aspectos da vida.
Corrida pela próxima interface
Zuckerberg não está sozinho nessa corrida. Empresas como a OpenAI também estão apostando em novas formas de interação com a inteligência artificial. Em um acordo avaliado em US$ 6,5 bilhões, a startup fundada por Sam Altman se uniu ao ex-designer da Apple, Jony Ive, para desenvolver um dispositivo de IA voltado ao consumidor final.
Além disso, startups como Humane e Limitless também vêm testando acessórios inovadores com IA embutida, como pins e pendentes. No entanto, essas experiências ainda enfrentam limitações técnicas e baixa adesão popular.
A despeito das incertezas e da concorrência crescente, Zuckerberg mantém firme sua convicção. Para ele, os óculos são a chave para o futuro da computação. “O legal dos óculos é que eles vão ser a melhor forma de unir os mundos físico e digital”, disse, reafirmando que a proposta do Metaverso segue viva.
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