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Amargosa cobra melhorias para segurança

Publicado segunda-feira, 12 de janeiro de 2015 às 09:28 h | Atualizado em 12/01/2015, 09:39 | Autor: Luan Santos*
Antiga delegacia Amargosa
Antiga delegacia Amargosa -

Seis meses após a revolta que sitiou Amargosa (a 235 km de Salvador), prefeitura e população reivindicam uma série de melhorias na infraestrutura de segurança no município. Além do aumento de efetivo das polícias Militar e Civil, eles cobram a construção de um complexo policial, solicitação antiga da cidade.

A delegacia, incendiada durante a rebelião, no dia 16 de julho, funciona agora em um local provisório. Além disso, a prefeitura quer a implantação da 99ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) de Amargosa, projeto já aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia. Mas ainda não há data para que isso ocorra.

A revolta - iniciada após a morte de uma criança de 1   ano,  baleada por um policial civil (leia mais na página A5) -  resultou na destruição da delegacia local, que foi  incendiada por cerca de 50 homens encapuzados e fortemente armados. Na ação, 16 presos foram libertados e diversas armas roubadas. Além disso, 30 motos, 18 carros e um ônibus também foram incendiados.

Equipe do jornal A TARDE esteve no município nas últimas quarta e quinta-feiras e constatou que a cidade voltou a sentir uma maior sensação de segurança.

Há um consenso geral - entre  moradores, prefeitura,  Ministério Público e representantes das polícias - de que a situação de caos daquele período foi normalizada, graças ao reforço do policiamento. No entanto,  o pedido de melhorias visa evitar  que eventos como aqueles voltem a ocorrer.

Marcas do caos

Apesar de o clima de tranquilidade imperar, as marcas do caos ainda estão pela cidade. A delegacia, por exemplo, ainda não foi reformada. Vigas de madeira foram usadas para escorar  a estrutura de concreto e  evitar que o prédio desabe.

"As coisas se acalmaram, as polícias têm se mostrado atuantes. Mas, no que diz respeito a efetivo policial e  infraestrutura, precisamos das melhorias prometidas pelo governo", ressalta a prefeita Karina Silva (PSB).

Após o incidente, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) reforçou o policiamento na cidade. A Polícia Civil, que contava apenas com um investigador, hoje dispõe de três agentes. Karina Silva diz que o combinado foram seis. A Polícia Militar, que antes tinha  uma viatura com quatro agentes, ganhou ainda mais reforço do 14º Batalhão (Santo Antônio de Jesus) e da Companhia de Ações Especiais do Litoral Norte (Cael).

A cidade já recebia este reforço, mas foi intensificado por conta do incidente, segundo o major José Melquíades, subcomandante do 14º Batalhão. "Estamos sempre monitorando a situação da cidade. Foi um evento pontual, Amargosa é uma cidade tranquila", ressalta o major.

Com isso, os índices de violência no município caíram. Desde o episódio, por exemplo, a cidade registrou  dois homicídios, ambos elucidados, segundo a Polícia Civil.

A prefeita ainda destaca que o município teve custo de R$ 150 mil com segurança, entre aluguel de imóveis e combustível para viaturas: "É um convênio que temos com a SSP. Damos o suporte e queremos aumento do efetivo".

O presidente da associação comercial de Amargosa, Assuero Cintra Neto, afirma que o clima de tranquilidade beneficia o setor. "Tínhamos pequenos furtos e assaltos, que eram prejudiciais. Agora, já não temos registros",  diz.

Com 37 mil habitantes, Amargosa é considerada a sede da região administrativa do Vale do Jiquiriçá.

Secretário destaca melhora

Na última sexta-feira, durante a posse do novo comandante da Polícia Militar, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, comentou a situação de Amargosa.

"Houve melhora significativa na segurança pública de Amargosa, com novo delegado, novas operações foram executadas, com acréscimo de efetivo policial. Eu não ouço mais reclamações e recebo a população de Amargosa e alguns políticos locais que vêm fazer elogio à atuação da polícia", frisa.

Barbosa destaca que a SSP tem realizado operações para combater quadrilhas do  narcotráfico que migraram para o Recôncavo. "Fizemos (operações) em Cachoeira,  Maragojipe, Nazaré, e prendemos inúmeros participantes destas quadrilhas, e alguns  foram até transferidos para presídios federais".

A TARDE solicitou à assessoria da SSP um prazo para a construção do complexo e para a implantação da 99ª CIPM de Amargosa - reivindicações da prefeitura e população -, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Estrutura deficiente

O promotor de Justiça Jader Santos Alves, que atua em Amargosa, concorda com o secretário, mas endossa a reivindicação pelo aumento de efetivo policial e construção do complexo. "As estruturas para o trabalho da polícia ainda são deficientes".

Ele informou que a interdição da antiga delegacia, que foi incendiada, havia sido solicitada pelo Ministério Público estadual por conta das condições precárias. A solicitação foi acatada pela Justiça.

Com a delegacia instalada em uma casa alugada, a carceragem funcionava na cozinha, segundo apurou A TARDE. "Não havia segurança para os presos. Como não existia  para onde direcionar os presos, o local voltou a ser utilizado mesmo com a interdição decretada", diz Alves.

*Colaborou Franco Adailton

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