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Bancários da Caixa promovem ato nesta terça em agência no Rio Vermelho

Cronograma de ações começa pela manifestação, às 9h, contra assédio sexual e moral

Publicado terça-feira, 05 de julho de 2022 às 06:02 h | Autor: Jade Santana*
Bancários de todo o país se mobilizam para o Dia Nacional de Luta contra Violência
Bancários de todo o país se mobilizam para o Dia Nacional de Luta contra Violência -

Os bancários da Caixa Econômica Federal vão promover manifestação, nesta terça-feira, 5, em agências do banco em diversas cidades brasileiras, incluindo Salvador, contra o assédio sexual e moral. Campeão em assédio sexual e moral, de acordo com diagnóstico realizado em 2016 pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT), os números aparentemente defasados escondem realidade atestada, ainda nesta terça, no ambiente bancário. 

Definido na segunda-feira, em reunião feita pelo Sindicato dos Bancários da Bahia, o cronograma de ações será iniciado pela manifestação, nesta terça, às 9h, na agência no bairro do Rio Vermelho. 

O protesto vem depois das denúncias de assédio sexual e moral que culminaram com a saída de Pedro Guimarães da presidência da Caixa. “Os bancários de todo o país se mobilizam para o Dia Nacional de Luta hoje. O foco do ato hoje será o respeito às mulheres, a equidade de condições no trabalho e a exigência de respeito e acolhimento às empregadas. Assédio é crime e tem de ser combatido”, consta em nota do sindicato.

Emanoel Souza de Jesus, secretário-geral da Federação dos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (Feeb), afirma que problema afeta a categoria. “O caso da Caixa é um exemplo dessa atuação repugnante. Vamos continuar incentivando a mobilização contra o assédio”.

O sindicalista cita pesquisa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), que indica que 82% dos afastamentos têm a ver com o adoecimento mental, para comprovar que o assédio moral afeta os profissionais da área.

Ainda em 2016, o MPT fez um relatório sobre o adoecimento dos funcionários do setor na Bahia, que apontou o assédio moral como principal motivo de denúncias. De 2012 a 2014, o MPT recebeu 65 denúncias de assédio moral no setor, o equivalente a 78% de todas as reclamações. Dentre os casos de assédio moral, denúncias de assédio sexual também foram relatadas.

Procuradora do Trabalho, Claiz Gunça aponta que o cenário tem aumentado. “Os dados continuam atuais. Em termos nacionais, o MPT vem recebendo anualmente milhares de denúncias de assédio moral e centenas de relatos de assédio sexual. O patamar de 2019, ainda não foi superado, foram 7.381 denúncias de assédio moral e 485 de assédio sexual no país. Passado o primeiro semestre de 2022, já temos 3.309 denúncias. A projeção das denúncias de assédio sexual, que atingiram 300 nos seis primeiros meses, apontam para a superação do pico de antes da pandemia”, continua. Na Bahia, nos últimos cinco anos, o MPT recebeu mais de 200 denúncias de assédio moral e sexual em instituições financeiras.

Além disso, Gunça aponta que mais de 90% dos casos de adoecimento que chegam até o ambulatório do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), são de funcionários de bancos e que a concessão de benefícios pelo INSS a bancários por acidentes de trabalho e por adoecimento saltou de pouco mais de cem, em 2010, para quase 900 em 2015.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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