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Funcionários dos Correios entram em greve

Publicado terça-feira, 01 de abril de 2008 às 16:18 h | Atualizado em 01/04/2008, 17:59 | Autor: Kleyzer Seixas, do A Tarde On Line

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Os funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos da Bahia entraram em greve nesta terça-feira, 1º, após uma assembléia realizada na tarde de segunda-feira, 31, para cobrar melhorias trabalhistas. Dos quase cinco mil funcionários da capital baiana e das cidades do interior, mais de dois mil estão de braços cruzados. A intenção é que cerca de 90% do quadro pare nos próximos dias, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos no Estado da Bahia, Joaquim Apolinário.  Nesta terça pela manhã, os carteiros fizeram uma caminhada no bairro da Pituba.

As outras cidades baianas que aderiram ao movimento foram: Feira de Santana, Jacobina, Teixeira de Freitas, Alagoinhas, Juazeiro, Vitória da Conquista e Itabuna. Além da Bahia, outros treze estados brasileiros - São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pará, Paraná, Amazonas, Maranhão e Paraíba - decretaram paralisação.

Com a greve, todos os serviços de entrega de correspondências ficam prejudicados porque os carteiros e o pessoal da área de triagem (separação e organização de documentos) não estão trabalhando desde esta manhã. Questionado sobre o problema causado à população, o presidente do sindicato da classe na Bahia diz que a paralisação é a única forma de cobrar os direitos dos trabalhadores.

“Esperamos que a população entenda a situação dos funcionários, que estão sendo humilhados e trabalham sem nenhuma segurança. O adicional de risco [pago desde janeiro deste ano aos carteiros, por decisão do presidente da empresa e pelo ministro das comunicações] não será mais pago”, afirma Joaquim Apolinário.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, através da sua assessoria de comunicação nacional, em Brasília ,informou que houve a concessão de um bônus há três meses, por conta do serviço desgastante de rua e não pela questão da periculosidade do trabalho. Conforme a assessoria, o benefício do adicional de risco é previsto na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) e não se estende aos carteiros. Como o bônus é um abono emergencial, ele não poderá ser incorporado como um benefício permanente.

Os Correios também já têm planos de contingência para atender à área de entrega de correspondências, ainda segundo a assessoria da entidade. A relocação de mão de obra temporária vai garantir que as correspondências prioritárias [contas a pagar] cheguem ao seu destino nas datas previstas. Já os sedex e sedex dez , que são serviços com hora certa, serão suspensos temporariamente.

Nesta terça, a direção da ECT se reuniu com representantes do Governo Federal para buscar uma solução e evitar a continuidade da greve. De acordo com a assessoria do órgão, caso não haja nenhum avanço, existe a possibilidade de a Empresa recorrer à Justiça.

Reivindicações – As melhorias trabalhistas cobradas pelos funcionários são adicional de periculosidade equivalente a 30% do salário, além de reajuste no percentual da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A implementação de um Plano de Cargos e Salários é outra exigência.

Carteiro há trinta anos, Verivaldo Cerqueira queixa-se da demora em resolver o Plano de Cargos e Salários: “Disseram que tudo ficaria definido em março”.

O carteiro Joselito Dias, há 12 anos trabalhando nos Correios, também reclama: “A diferença de participação nos Lucros pago aos funcionários da empresa é muito grande. Algumas pessoas, com cargos altos ou de chefia, ganharam mais de R$ 40 mil por causa desse benefício. A nossa não passou de R$ 160”. O presidente do sindicato reforça a queixa e diz que os funcionários com nível superior [diretores de área, diretores das regionais e gerentes] foram os únicos beneficiados com a PLR: “O pessoal de nível básico recebeu bem menor do que no ano passado”, critica.

Ainda através da sua assessoria de comunicação, a ECT explica que diferente do que ocorreu no ano passado, quando o total da PLR foi dividido pelo número de pessoas, o benefício sofreu alterações de distribuição este ano. Foram levados em consideração o desempenho pessoal, produção, assiduidade e também a faixa salarial. A assessoria também negou que a Empresa tenha depositado PLR de R$ 160,00, como alegam os funcionários. Conforme os Correios, nenhum trabalhador recebeu a PLR abaixo de R$ 200,00.

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