DENÚNCIA
Pai de Joel diz que PMs tentaram ouvir depoimento: “Seguiram a gente"
Ex-policiais são julgados nesta segunda-feira, 6, pela morte do menino
Por Leo Moreira
O capoeirista Joel Castro, pai do menino Joel, morto durante uma ação policial, em novembro de 2010, no Nordeste de Amaralina, não conseguiu conter as lágrimas durante seu depoimento, na manhã desta segunda-feira, 6, no Fórum Ruy Barbosa. A sessão julga acusados pelo crime, o ex-policial militar Eraldo Menezes de Souza e o tenente Alexinaldo Santana Souza.
Ele relembrou o dia em que o filho perdeu a vida. Na frente dos sete jurados, Joel relatou que o garoto ainda 'alertou' para os disparos. "Foi chuva de tiros. 'Pai, isso aí é tiro’, disse o menino. Eu ainda falei: 'deixa para lá e vamos dormir'. E aí, foi aquele ‘bum’ no chão’. O meu [filho] mais velho saiu gritando 'socorro, socorro’".
Morador do bairro desde criança, o capoeirista contou que logo após o filho ser baleado, ele tentou procurar ajuda com os policiais, mas não teve êxito. "Rapaz, vocês mataram meu filho. Eu saí, desci a escada, e eles com a arma apontada e mirando para mim. Eu gritando: ‘socorra meu filho’”, se emocionou ele, reafirmando que a ajuda só teria vindo através de vizinhos.
"Mestre Ninha", como é conhecido, ainda denunciou que policiais militares teriam tentado ouvir o depoimento dele e o seguiram quando ele foi até a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente (DERCCA). "No instante, apareceram viaturas seguindo a gente". Ainda segundo ele, um policial civil precisou conter a entrada desses agentes no local.
Joel foi a quarta testemunha de acusação a ser ouvida na manhã desta segunda. Ao todo, incluindo defesa e acusação, 14 pessoas serão ouvidas. A previsão é que o julgamento dure dois dias.
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