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Prefeito dá garantias a terreiros

Publicado quinta-feira, 06 de março de 2008 às 00:00 h | Atualizado em 06/03/2008, 08:47 | Autor: Juracy dos Anjos, do A TARDE

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>>Passeata reivindica reconstrução de Terreiro

“Reiteramos em público nosso pedido de desculpas ao povo-de-santo pelo erro isolado cometido por funcionários da Sucom”. Assim, o prefeito de Salvador, João Henrique, deu por encerrada a polêmica que envolveu seu governo e a demolição parcial do Terreiro Oyá Onipó Neto, no último dia 27. Localizado na Avenida Jorge Amado, no Imbuí, área de alta especulação imobiliária, o terreiro teve sua estrutura destruída por agentes da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom).

A ação provocou  mobilizações das entidades do movimento negro e de líderes do candomblé que foram do Campo Grande à Praça Municipal, na tarde desta quarta-feira, para pressionar o governo, como o Coletivo de Entidades Negras, a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia e o Movimento Negro Unificado, que exigiram a reconstrução imediata do terreiro e um pedido de desculpas públicas, bem como ressarcimento dos objetos quebrados na ação da Sucom, sob a direção de Kátia Carmelo, exonerada no última dia 29, em virtude do ocorrido.

Depois de ver sua administração acusada de intolerância religiosa, João Henrique recebeu os manifestantes em seu gabinete. Como resposta às solicitações, ele assinou uma petição que será encaminhada à Câmara dos Vereadores e tem previsão de ser votada até a próxima quarta-feira pedindo a regularização fundiária do terreiro, que está em área da prefeitura, e o reordenamento de todos os terreiros que estão na mesma situação para receberem o título de posse da terra.

“Temos que deixar, de forma irreversível, a garantia de que não haverá novamente a demolição de terreiro na cidade de Salvador”, afirmou o prefeito, destacando que os secretários de Governo estavam presentes ao encontro para saberem que o respeito às raças, aos gêneros e às religiões é meta do governo. Kátia Carmelo, que está à frente da secretaria de Planejamento e não estava no encontro, encaminhou uma nota pública se desculpando pelo ocorrido. “Espero que encerremos esta polêmica definitivamente, pois não sou dada a preconceitos”, diz.

A mãe-de-santo Rosalice do Amor Divino, Mãe Rosa, de 50, responsável pelo terreiro, destacou que a assinatura da petição é uma vitória para todos os que lutam contra a intolerância. “Agora teremos a garantia que o terreiro não voltará a ser desrespeitado por ninguém”, disse.
 
“A Semur luta contra o racismo institucional e, por isso, nos colocamos a favor do terreiro e o prefeito sabia. Por isso, a importância do pedido em público de desculpas à população”, disse a secretária de Reparação Racial, Antônia Garcia. No momento mais marcante, Mãe Rosa recebeu Iansã, orixá que comanda o Oyá Onipó Neto. A praça se transformou num templo do candomblé, com filhos e filhas-de-santo indo ao seu encontro para receber bênçãos. 

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