BAHIA
Baiana sofre racismo em Fortaleza e gerente diz que “se confundiu”
A tatuadora baiana Suiane Souza foi cercada e teve a bolsa revistada por seguranças de loja que a acusaram de roubo
Por Brenda Viana

Imagina ser soteropolitana, mulher preta, sair de Salvador para trabalhar em Fortaleza, no Ceará, fazendo tatuagens e, durante um passeio pelas ruas na cidade, ser abordada por três seguranças alegando que produtos foram, supostamente, furtados de uma loja?
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Foi o que aconteceu com Suiane Souza na última sexta-feira, 18. A baiana de 27 anos, está passando o mês de julho na capital nordestina realizando tatuagens e decidiu conhecer melhor o centro de Fortaleza. Entre uma loja e outra, a profissional foi abordada por três homens vestindo roupas pretas, alegando serem seguranças de uma loja que, segundo Suiane, se chama Power LBX, localizada na rua Barão do Rio Branco, uma filial que fica na parte central da cidade onde vende variedades, como bolsas, malas e outros itens pessoais.
Em um vídeo enviado ao Portal A TARDE, a baiana explicou que eles a seguiram após sair de uma loja de maquiagem, também no centro de Fortaleza, seguraram a bolsa dela e a fecharam formando um círculo. Os homens levaram Suiane para estabelecimento que a acusava de roubo.

"Chegando lá, eles me pediram para ir para um canto e revistaram minha bolsa. Uma funcionária veio, revistou, tem tudo gravado", explicou a jovem, visivelmente abalada.

Ela contou ainda que, após terem feito Suiane passar pelo constrangimento, o gerente da loja se dirigiu até a baiana alegando que pode ter sido um erro de confusão. "Talvez ele tivesse se confundido, sendo que colocou três seguranças da loja para irem atrás de mim".
Em um dos vídeos enviados ao portal, registrado no momento da abordagem, é possível ver Suiane filmando a tela do computador que grava as câmeras de segurança da loja. A todo momento a jovem grita se defendendo, durante a aflição e desespero, que não realizou o roubo. No entanto, um dos seguranças, que está com um pano no rosto para não ser reconhecido, insiste no suposto roubo.
-"O que é isso aí, senhora? Olhe a imagem [aponta o segurança para a gravação, sem citar qual foi o item que supostamente foi roubado]"
-"Sou eu, sim. Cadê eu colocando alguma coisa na bolsa? Não dá para ver nada", rebate Suiane, gravando a tela do computador.
Para Suiane, a pior parte não foi apenas a acusação de roubo, mas também a vergonha de voltar à sociedade após ter passado pelo constrangimento da abordagem na rua.
"Nem mesmo a coragem de assumir o erro eles tiveram, de me pedir desculpas. Eu saí da loja como se estivesse errada por me defender enquanto uma pessoa não culpada. Estragou o meu dia, estragaram minha viagem e me traumatizou para o resto da vida", desabafa.
Retorno do estabelecimento
Por meio de nota, Irlan Fidelis, gerente geral da loja Power LXB, afirmou que o funcionário que abordou Suiane foi desligado e que a empresa “não compactua com qualquer tipo de discriminação ou atitude desrespeitosa com seus clientes”.
“O colaborador agiu por conta própria e de forma totalmente contrária aos princípios e diretrizes da nossa empresa. Tão logo tive conhecimento do ocorrido, tomei todas as providências cabíveis: investiguei os fatos, entrei em contato com a cliente, me retratei pessoalmente e desligamos o funcionário de forma imediata”, explicou Fidelis. “Sabemos da gravidade da situação e, mais do que isso, reconhecemos a dor e o constrangimento sofrido pela Suiane”, destacou.
Veja vídeo:
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