PARAÍSO EM RISCO
Como os imbróglios da Brazil Iron ameaçam a Chapada Diamantina
Justiça do Reino Unido decidiu que processo movido na Bahia fosse julgado em solo britânico

Por Rodrigo Tardio

Ilegalidades, impactos socioambientais e conflitos territoriais em comunidades quilombolas. Essas foram as principais situações envolvendo a exploração do minério em solo baiano e que envolveram a Brazil Iron, empresa que, na Bahia, concentra as atividades de mineração na Chapada Diamantina.
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Processo no Reino Unido
Em março deste ano, a Justiça do Reino Unido decidiu que uma ação movida por 103 quilombolas das comunidades de Bocaina e Mocó, no município de Piatã (BA), contra a matriz inglesa da Brazil Iron poderia prosseguir e ser julgada em território britânico.
Os quilombolas alegaram que as operações da mineradora teriam causado prejuízos significativos, como: rachaduras em casas, destruição de atividades de subsistência e assoreamento da nascente do córrego bebedouro, o qual é fonte vital de água, além da poluição do ar e do som, poeira nas folhas das hortaliças e impactos negativos na saúde.
Atividades suspensas
Desde o ano de 2022, denúncias e vistorias, como as realizadas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), mostraram que a Brazil Iron estava minerando de forma clandestina para fins comerciais, embora estivesse apenas na fase de pesquisa do projeto, sem o completo licenciamento ambiental.
Embargo
As atividades foram, à época, embargadas após serem encontradas inúmeras irregularidades e violações, como: execução de atividades fora dos limites permitidos, descarte de lixo em Áreas de Preservação Permanente (APP) e soterramento de vegetação nativa.
A Defensoria Pública da União, entre outras instituições, vinha atuado para pedir suspensão total das atividades devido aos danos ambientais e à saúde dos moradores.
Conflitos
As comunidades tradicionais de Piatã denunciaram que a empresa não respeitou a presença dos territórios na área de impacto do projeto.
Relatórios da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), bem como de demais órgãos, confirmaram a presença de poeira e material particulado da mineração, o que gerou um aumento nos problemas respiratórios nos habitantes.
Tais situações, envolvendo a Brazil Iron, têm sido tema de monitoramento constante no Estado, devido ao conflito entre a exploração de minério de ferro e a proteção da Chapada Diamantina, bem como dos direitos das tradicionais comunidades.
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