AMEAÇA
Praga coloca em risco fruticultura do Vale do São Francisco
Larvas de mosca ameaçadora atacam e danificam frutos produzidos na região

Por Rodrigo Tardio

A fruticultura tem sido o pilar fundamental da economia da região do Vale do São Francisco, na Bahia, sendo o principal polo exportador dessas frutas no Brasil, porém a ameaça de uma praga tem preocupado sobretudo os produtores de frutas cultivadas, que é a mosca-das-frutas.
Na região, as espécies de moscas-das-frutas de maior relevância e impacto econômico são a Mosca-do-Mediterrâneo e a Mosca-das-frutas Sul-Americana.
A mosca da fruta" não se refere a uma única espécie, mas a diversos insetos dípteros, que são as moscas, cujas larvas atacam e danificam frutos, sendo uma das principais pragas da fruticultura.
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O sucesso da região se deve à combinação do clima semiárido, ideal para a fruticultura, e o uso de irrigação moderna proveniente do Rio São Francisco, que permite colheitas praticamente o ano todo.
Espécies
Entre as principais espécies na região do Vale do São Francisco está a Mosca-do-Mediterrâneo (ceratitis capitata), sendo a espécie de maior relevância econômica na região e a mais encontrada em muitas culturas, como a manga, principal fruta de exportação de Juazeiro.
Outra espécie é a Mosca-das-frutas do Gênero Anastrepha, Diversas espécies nativas, como a Anastrepha fraterculus (Mosca-das-frutas Sul-Americana), A. sororcula, A. zenildae e A. obliqua, também ocorrem na região, infestando uma ampla variedade de hospedeiros.
Embora as espécies acima sejam as mais importantes para a fruticultura comercial (manga, uva, etc.), estudos também registraram a ocorrência de Zaprionus indianus gupta (família Drosophilidae) em frutos de Juazeiro (Ziziphus joazeiro) em outras regiões do Nordeste, embora este seja considerado secundário em relação às espécies de Ceratitis e Anastrepha.
Manejo da praga
O controle dessas moscas-das-frutas no Vale do São Francisco tem sido prioridade, devido à importância da fruticultura, sendo essencial a adoção de um Manejo Integrado de Pragas (MIP), que inclui o uso de armadilhas em pomares para monitorar a população e decidir o momento certo para aplicar as medidas de controle, bem como a catação e destruição de frutos caídos e infestados, enterrio a 50 cm de profundidade ou destruição apropriada, para interromper o ciclo de vida da praga.
A manutenção da área limpa e eliminação de hospedeiros silvestres ou desnecessários próximos às áreas de produção são imprescindíveis nesse combate.
Controle biológico
Entre as principais técnicas de combate está a liberação massal de machos estéreis da Ceratitis capitata, para reduzir a capacidade reprodutiva da população selvagem.
Outro método é o uso de parasitoides, como os da família Braconidae, embora o uso natural seja limitado pela aplicação de inseticidas.
Outro tipo de combate é a aplicação de isca tóxica, que é uma mistura de atrativo alimentar, como proteína hidrolisada ou melaço, com inseticida, pulverizada em apenas uma parte da planta, e não em cobertura total, para minimizar o impacto ambiental e nos inimigos naturais.
"A forma mais comum de controle químico, consiste na aplicação de uma mistura de atrativo alimentar com um inseticida em apenas parte da planta. Isso atrai a mosca e evita a pulverização de cobertura total", diz João Marcos, administrador com especialização em comércio exterior.
Liderança nacional
Juazeiro está entre os maiores municípios produtores de manga do país. O Estado da Bahia, impulsionado pela região do Vale, é um dos principais produtores e exportadores nacionais.
A maior parte da produção de alta qualidade é voltada para a exportação, principalmente para mercados exigentes como Europa e Estados Unidos. A região chega a atender de 85% a 90% da demanda de exportação de manga do Brasil.
As variedades mais cultivadas e voltadas para o mercado externo incluem:
Palmer: Famosa por ter pouca fibra e sabor doce.
Tommy Atkins: A mais exportada globalmente, pela sua cor atraente e resistência ao transporte.
Além dessas, existem a manga haden e a manga espada.
Uva
A uva de mesa produzida em Juazeiro, em especial as variedades sem sementes, é um produto de alto valor agregado.
Com a ajuda da irrigação e ao manejo de poda, a região consegue produzir duas safras ou até mais ciclos por ano, algo raro em outras regiões produtoras do mundo que dependem de condições climáticas mais rígidas.
Os produtores investem em variedades de uva de mesa de alto padrão para a exportação, muitas vezes pagando royalties para cultivar tipos específicos, que são altamente demandados nos mercados internacionais.
"Toda empresa tem que ter credibilidade, e foi isso que conseguimos ao longo do tempo. O mercado externo é muito exigente, e a qualidade do produto tem que ser alta", diz Gilberto Secchi, proprietário da Grand Valle, empresa exportadora de frutas produzidas na região.
Muitas fazendas da região produzem mais de 18 variedades diferentes para atender a protocolos e mercados específicos.
O cultivo da uva exige mão de obra intensiva, gerando até o dobro de empregos por hectare em comparação com a manga.
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