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Preso é morto durante rebelião em delegacia de Luís Eduardo Magalhães

Publicado sexta-feira, 02 de dezembro de 2016 às 19:05 h | Atualizado em 02/12/2016, 19:35 | Autor: Miriam Hermes | Sucursal Barreiras
Ação da polícia militar impediu segunda morte
Ação da polícia militar impediu segunda morte -

Durante uma rebelião iniciada no final da manhã desta sexta-feira, 2, na carceragem da delegacia de Luís Eduardo Magalhães (LEM), distante a 940 km de Salvador, o detento Adenildo Pereira Santiago, de 18 anos, foi morto pelos colegas de cela com diversas perfurações de arma branca.

A revolta dos presos, de acordo com o delegado Leonardo Almeida, teve início com o atraso do início das visitas, por causa da paralisação dos policiais civis em todo o estado. No entanto, uma rápida ação das forças policiais do município, que invadiram o interior da cadeia, impediu que um segundo preso, que era mantido refém, também fosse executado.

Para entrar na carceragem, a Polícia Civil contou com reforço da Polícia Militar, por meio da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Cerrado e da 85ª CIPM, de LEM.

Depois de retirados todos os presos e da perícia técnica, o corpo de Adenilson Santiago - que estava preso desde o mês de setembro, acusado de tráfico de drogas, falsidade ideológica e corrupção de menores - foi encaminhado para o IML de Barreiras.

Segundo o delegado, apesar da paralisação dos agentes civis nesta sexta, a equipe estava pronta para que a visita fosse mantida. Entretanto, houve atraso porque não foi encontrando uma policial ou uma guarda municipal para fazer a revista nas mulheres, informou Almeida.

Ele destacou que tentou explicar a dificuldade para os presos. “Eles não entenderam e a situação saiu do controle”. Ainda conforme o delegado, que abriu um inquérito para apurar as responsabilidades sobre a morte, o preso foi executado com requintes de crueldade.

Superpopulação

Construída para abrigar 12 presos, a cadeia estava nesta sexta com cerca de 80 homens. A superpopulação carcerária, as péssimas condições de estrutura e a morosidade da Justiça em julgar os processos, deflagraram uma onda de execuções de presos por parte de colegas no interior das carceragens da região.

Na mesma cadeia de LEM, um homem de 38 anos, preso sob a acusação de homicídio, foi morto por colegas de cela no dia 27 de agosto deste ano. Ele também sofreu diversas perfurações pelo corpo.

Em Barreiras, distante a 90 km de LEM, dois detentos foram mortos pelos colegas nos últimos 30 dias, no interior do Complexo Policial. Nas duas situações, os presos mandaram recado para a sociedade sobre as condições de sobrevivência nas cadeias e para a Justiça, pedindo intervenção no local.

Centro Pronto

O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Barreiras, com capacidade para 533 homens, está pronto há um ano e ainda não é utilizado pela Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap). Os responsáveis pelo órgão alegam que já foram realizadas três licitações, sem sucesso, para contratação de empresa para administrar o local.

Conforme a Seap, uma quarta licitação está em andamento, sendo a contratação de empresa a única forma do estado colocar o CDP em funcionamento. A Pastoral Carcerária da Diocese de Barreiras, com apoio de diversas entidades, está encabeçando um movimento que cobra uma ação rápida do estado neste sentido.

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