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ELEFANTE BRANCO

'Projeto casca': impasse ameaça conclusão de prédio parado há 9 anos

Novo PAC destina R$ 35 milhões para a obra, mas, superintendência de infraestrutura da UFBA desafia decisão da Escola Politécnica

Alan Rodrigues

Por Alan Rodrigues

15/12/2025 - 6:00 h | Atualizada em 15/12/2025 - 11:45
Prédio inacabado começou a ser construído em 2011 mas desde 2016 a obra está paralisada.
Prédio inacabado começou a ser construído em 2011 mas desde 2016 a obra está paralisada. -

Estudantes da escola Politécnica da UFBA (Universidade Federal da Bahia - Epufba) ingressaram no Ministério Público Federal para impedir que a Reitoria da Universidade receba os R$ 35 milhões destinados pelo Governo Federal para conclusão de um novo prédio da unidade, cuja obra está paralisada desde 2016.

O motivo é a divergência entre grupos de alunos e professores acerca do projeto, contemplado pelo Novo PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento), mas contestado pela Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sumai), apesar de ter sido aprovado pela congregação da Epufba, órgão máximo da unidade.

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O diretório acadêmico dos cursos de engenheria de produção, de controle e automação, engenharia elétrica e química apontam desvio de finalidade e atribuem o impasse às questões políticas.

O projeto aprovado pela congregação da Politécnica iria abrigar os cursos de engenharia industrial (química, de produção, automação, ambiental e mecatrônica) e de engenharia elétrica e computação, mas sem deixar de atender aos demais cursos.

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A possibilidade de desmembramento está na origem da resistência que, segundo o diretor da Epufba, Marcelo Embiruçu, se deve aos laços afetivos de alguns alunos com professores que são contra a criação de novos cursos.

Embiruçu lembra que o projeto do novo prédio tem sido discutido ao longo dos últimos três anos, tendo sido, inclusive, bandeira de campanha de sua candidatura à direção.

"Foram dezenas de reuniões, no fórum adequado, que é a congregação da escola Politécnica, órgão máximo da instituição", relata o diretor, que classifica como antidemocráticas e golpistas as ações que visam impedir a conclusão do prédio.

"Todos tiveram direito a voz, é uma escola muito complexa, o consenso é muito difícil e na democracia, quando há discenso, o que resolve é o voto", argumenta o diretor.

Projeto 'casca'

O prédio atual é dividido em três blocos verticais, A, B e C, e o prédio inacabado, na rua Caetano Moura, no bairro da Federação, em Salvador, teria mais dois blocos, D e E. Segundo Embiruçu, os espaços continuariam a ser compartilhados, mas o desmembramento daria visibilidade a outros cursos.

"Algumas engenharias ficam muito opacas, sobrepostas por outras engenharias. Cada engenharia é um mundo, a Politécnica é uma universidade à parte", diz o diretor, em defesa do desmembramento dos cursos.

Embiruçu questiona a proposta de transformar o prédio num pavilhão de aulas, os antigos PAF´s, modelo abandonado pela UFBA e que não garantiria a utilização do espaço apenas pela Politécnica.

"Um PAF serve à toda a universidade, esse modelo foi vedado pelo Reuni (programa de reestruturação das universidades federais lançado em 2007)", contesta o diretor, lembrando que, sem definir a utilização do espaço, o projeto não poderia incorporar as instalações necessárias para laboratórios, por exemplo. Seria o que ele chama de "projeto casca'".

A escola Politécnica da UFBA abriga 13 cursos de graduação e 15 de pós-graduação.

Casa de ferreiro...

Na reunião do Conselho Universitário da UFBA (Consuni) na última terça-feira, 9, Marcelo Embiruçu se refere à proposta da Sumai como uma aberração técnica, que "ofende tanto a engenharia quanto a arquitetura".

Marcelo Embiruçu (à direita, de óculos) recebeu apoio de estudantes na reunião do Consuni na última terça, 9.
Marcelo Embiruçu (à direita, de óculos) recebeu apoio de estudantes na reunião do Consuni na última terça, 9. | Foto: Divulgação

O mais impressionante é que isso seja proposto por quem, em última análise, é responsável por formar futuros engenheiros, lembrando o ditado popular: "casa de ferrieiro, espeto de pau".

"Como é possível se fazer um projeto elétrico de uma edificação sem saber o seu uso?", indaga o diretor.

Ele alerta que, na hipóteses de se executar o projeto defendido pela Sumai, a obra resultaria num prédio oco, configurando uma temeridade do ponto de vista da gestão pública, uma vez que, sem a devida destinação, não teria condições de uso, consumindo milhões de reais de dinheiro público e ainda assim demandando nova licitação para equipar o prédio.

Com base nisso, os estudantes ingressaram no MPF. Alguns deles, com assento no Consuni, foram ouvidos pela reportagem de A TARDE e atribuem o impasse à superintendente da Sumai, Tatiana Dumêt, ex-diretora da Politécnica.

Para os discentes, a proposta apresentada por Tatiana é meramente cosmética, "uma fachada bonita para quem vê de fora mas instalações sem função". Eles temem que, caso a indefinição se prolongue, o recurso aprovado retorne para a União, como já ocorreu em 2018 e 2023.

A TARDE procurou a assessoria de comunicação da Reitoria da UFBA, que informou apenas que o termo de referência para a construção somente será homologado após a análise do novo projeto, ignorando a decisão da congregação.

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Cidadão Repórter engenharia Ministério Público Politécnica UFBA

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