BAHIA
Setor hoteleiro aposta no turismo baiano visando expansão e experiência
Village Itaparica, onde funcionava o antigo Club Med, é um dos investimentos destaques
Por Isabela Cardoso*

O turismo baiano vive um novo momento, não só pelas praias com águas quentes e uma cultura local rica, mas por atrair investimentos de experiências e expansão. Um dos movimentos de grande mudança é o novo Village Itaparica, resort que será construído onde funcionava o antigo Club Med – o primeiro resort do Brasil.
O empreendimento será administrado pela empresa Atrio Hotel Management e a operadora Livá Hotéis, que já opera o Vivant Eco Beach Resorte, na Penísula de Maraú, sul da Bahia. Os grupos estiveram presentes na WTM Latin America 2025, um dos principais eventos B2B de turismo e viagens da América Latina, em São Paulo (SP).
Em entrevista ao Portal A TARDE, João Cazeiro, diretor de desenvolvimento da Livá, disse que o projeto do Village vai além da construção de um hotel.
“Estamos falando de um resgate histórico, porque quando se puxa o Village Itaparica, se tem muitas lembranças, não só dos baianos em si, mas lembranças do mundo inteiro. Foi um resort que trouxe gente do mundo inteiro, trouxe um torneio do Grand Slam de tênis para Itaparica. Tinha grandes eventos, grandes casamentos, o maior centro de convenções da região ficava lá, pista de pouso, então tem uma história muito grande”, pontuou o diretor.
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João explica que o Village terá 398 quartos, com opções de vendas fracionadas por imóveis que dão direito a duas a quatro semanas de uso por ano. Além disso, os apartamentos comportam de quatro a seis pessoas.
Turismo de experiência e desenvolvimento regional
A Bahia tem sido estratégica para a expansão da Atrio, que enxerga no estado uma oportunidade única para consolidar o turismo de experiência, como afirma Cazeiro.
“O foco da Livá são resorts e hotéis de lazer. Hoje, nós estamos olhando para a região principalmente de Ilhéus, o litoral sul, olhamos para o Porto Seguro também, só não temos nada oficial ainda. A gente tem trabalhado muito para o litoral norte também, que ainda é pouco explorado e tem alguns destinos maravilhosos”, destacou Cazeiro.

Além disso, a Atrio tem observado outros polos baianos com potencial para o turismo corporativo e de lazer, como Vitória da Conquista e Luís Eduardo Magalhães.
Beto Caputo, CEO da Atrio Hotel Management, aponta a Bahia, principalmente Salvador, como um destino cada vez mais relevante no cenário nacional.
“Quando você pega uma cidade como São Paulo, Curitiba, elas têm um turismo de negócios muito forte, e nas periódicas férias, fica na entressafra, vamos dizer. Quando eu olho uma cidade como Salvador, ela tem turismo de negócio o ano inteiro, e no período de férias ela tem um novo cliente, que fica em cima do turismo de negócio. Ou ela tem negócio, ou ela tem lazer, ou tem os dois. Tem um DNA que só tem lá e as pessoas vão querer ver mais, participar dessas experiências”, pontuou Caputo.
O CEO também destaca uma mudança no perfil dos viajantes: mais interessados em turismo segmentado e experiências autênticas. “O turismo da Bahia tem um crescimento que não vai parar, pelo contrário, tem que tentar se intensificar. Cada vez mais o turismo vai se segmentar entre esportes, lazer, cultura, interesses particulares. Esse é um turista que realmente gasta, investe e quer ter a experiência autêntica daquele lugar”, destacou Beto.
Ecossistema sustentável
A preservação do ecossistema no estado, principalmente na região litorânea, é um dos pontos mais importantes durante o desenvolvimento de grandes empreendimentos. Segundo Cazeiro, a Livá exige rigor com a legalidade e preservação das áreas onde os projeots serão implantados.
“Hoje, a legislação de linha da Marinha é muito difícil no Brasil. A gente é muito conservador no sentido de buscar toda a documentação necessária. Então, eu não vou fazer parceria com um empreendimento que eu sei que ele não está correto. A gente vai buscar a documentação desses empreendimentos, entender se a incorporação foi feita adequadamente, isso tudo dentro de uma assessoria nossa, se a parte jurídica está de acordo, se o que ele está prometendo para o cliente final ou não está legal, daí a gente entra”, explicou o diretor.

Além disso, Beto Caputo destacou que a rotina da operadora conta com um conjunto de ações ESG (sigla, em inglês: environmental, social and governance - ambiental, social e governança), para melhorar as práticas sustentáveis.
“Eliminar o plástico de uso único, ter compensação de carbono dos hoteis, mas eu acho que ainda é pouco. Você não pode fazer tudo, você tem que escolher algumas agendas. A gente vem fortemente fazendo a substituição das embalagens plásticas de uso único pelas embalagens ou recicláveis ou retornáveis; a água a granel, por exemplo, é uma atividade que a gente tem de muito importante. E, por fim, nós temos como meta tornar os nossos hoteis de carbono frio até o final de 2028”, finalizou o CEO.
*Repórter viajou para São Paulo a convite da WTM Latin America.
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