INCRÍVEL?
Tronox investe em limpeza de imagem enquanto espera perícia de novo TAC
Advogados da empresa entregaram ao MP na última segunda-feira, 17, proposta para novo acordo

Por Alan Rodrigues

Na passarela erguida sobre a estrada do coco uma faixa chama a atenção e causa revolta entre os moradores de comunidade de Areias. A Tronox, indústria de pigmentos instalada à margem da estrada do coco (BA 099), em frente a Areias, celebra a conquista de um prêmio que a coloca como “lugar mais incrível para trabalhar”.
“Dá até nojo ler isso, enquanto ela recebe troféu nós estamos aqui sofrendo”, diz dona Lúcia, vítima de pneumonia crônica atribuída à inalação de gases emitidos pela fábrica ao longo de mais de cinco décadas. Uma fumaça branca, com cheiro de enxofre, que marca gerações de moradores de Areias.
“Fumaça entrando garganta, olhos ardendo, essa empresa tem que ser demolida, tem que sair daí”, protesta Maria José, outra que alega ser vítima dos efeitos da poluição, que não se restringem à contaminação do ar.
Dezenas de moradores relatam problemas renais, cardíacos, além de uma incidência anormal de câncer, atribuídos ao consumo de água de cisterna, supostamente contaminada por rejeitos de metal pesado lançados pela Tronox no subsolo do seu entorno.
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Aditivo ao TAC
Laudos produzidos pela Central de Apoio Técnico (CEAT) do Ministério Público Estadual (MPE) atestaram altas concentrações de metais pesados no lençol freático de Areias, evidenciando o descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2012 para conter o lançamento de resíduos tóxicos pela empresa.
No último dia 17, advogados contratados pela Tronox, em substituição aos representantes que até então defendiam seus interesses, enviaram documento volumoso ao promotor Luciano Pitta, responsável pelo inquérito que apura o descumprimento do TAC, para embasar um aditivo ao termo de acordo.
O principal objetivo é evitar a execução do TAC, cujo valor inicial da multa está fixado em R$ 1 milhão, e acordar novas metas e procedimentos para cessar a poluição e promover a descontaminação da área, sem prejuízo das ações da reparação que possa ser devida aos moradores de Areias atingidos por doenças promovidas pela exposição às substâncias tóxicas, como alegam os integrantes de ação coletiva que tramita há quase 20 anos na justiça baiana.
O promotor encaminhou a proposta ao CEAT e pediu urgência na avaliação para poder avançar na elaboração de um novo TAC. Um consultor, com vasta experiência em reparação de danos ambientais, foi procurado pela Tronox e deverá se reunir com os peritos para agilizar o parecer.
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