ENTREVISTA
Por que brasileiros amam reality show? Profissional responde
Paixão do brasileiro por esse tipo de atração chama atenção de profissionais de diversas áreas, e uma delas é a psicologia
Por Edvaldo Sales
Com a estreia do BBB 25, que vai acontecer na próxima segunda-feira, 13, também vai ter início uma das épocas do ano em que os brasileiros mais interagem nas redes sociais para comentar sobre o programa e externalizar as suas preferências em relação aos participantes. O assunto passa a estar presente também em diversas rodas de conversas que acontecem presencialmente. Parece que o desejo de acompanhar a vida do outro aflora como em nenhum outro momento do ano.
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Essa paixão do brasileiro por esse tipo de atração chama atenção de profissionais de diversas áreas, e uma delas é a psicologia, que estuda a mente e o comportamento humano. Ao Portal A TARDE, a Flávia Azaro, psicóloga do Itaigara Memorial, falou um pouco sobre o assunto.
“A gente pode pensar que o brasileiro sempre gostou muito de telenovelas. E o reality show seria, talvez, uma novela da vida real. Tem aquela aquela identificação que as pessoas têm com os participantes, a imprevisibilidade dos acontecimentos, a curiosidade sobre o comportamento das pessoas, o acompanhar aquela coisa meio a vida como ela é, porque ali são pessoas reais tendo que lidar com situações reais e não fictícias como as novelas. A gente pode pensar nesse viés”, iniciou.
A especialista pontuou a relevância do levantamento de questões sociais importantes dentro desse contexto. “Tem se discutido muito aqui no Brasil, principalmente através das redes sociais, questões como racismo, xenofobia, homofobia, e outras, que têm uma relevância muito grande socialmente e que são discutidas ali dentro [do programa]. E isso também é outro ponto que torna o acompanhamento do reality uma coisa interessante para a maioria dos brasileiros, poder participar desse debate”, explicou.
Pontos positivos e negativos
Flávia Azaro também abordou quais influências, positivas e negativas, essa relação do brasileiro com reality show pode ter na vida dos espectadores. Ela ressaltou que assistir a esses programas como entretenimento e ver “algumas simulações de situações da vida real, de pessoas reais, de como elas se comportam em certas situações, de como lidar com outro, às vezes é importante”.
Faz a pessoa refletir sobre a convivência social, as diferenças, como lidar em certas situações extremas. E é interessante que se reflita sobre isso, sobre as questões que são apresentadas ali. Esse é um ponto interessante para que as pessoas reflitam e discutam sobre as coisas que acontecem. Isso traz um debate muito interessante.
A psicóloga enfatizou, no entanto, que a parte negativa é o excesso, pois se a prática de consumir esses programas se torna um vício passa a ser um problema. “Se a pessoa fica muito presa ao reality, passa só a fazer isso da vida, com uma curiosidade mórbida, ou se identificando em demasia com alguns participantes a ponto de isso gerar conflitos familiares, na roda de amigos e começa viver aquilo de forma muito excessiva, isso obviamente vai trazer pontos negativos socialmente para a vida da pessoa. Nada em excesso presta, o excesso nunca é bom”, avaliou.
Favoritismo e cancelamento
Em praticamente todas as edições do Big Brother Brasil tem alguém do elenco que se destaca por se tornar muito querida — ou rejeitada — pelo público. Alguns exemplos recentes são Juliette, Gil do Vigor e Davi Brito, que se tornaram personalidades adoradas. Do outro lado, tem nomes como Karol Conká, por exemplo, que foi eliminada com recorde de rejeição (99,17%) no BBB 21.
“O favoritismo e o cancelamento aparecem muito via identificação. O telespectador acha o participante uma pessoa bacana e se identifica. E aí ele vai torcer para que aquela pessoa ganhe. E por outro lado, se a pessoa não acha aquela pessoa bacana, acha que tem posturas ruins, ela vai ser cancelada. Aí dentro disso, vem as questões da competição lá dentro e cada um, aqui fora, defende o seu participante, que é uma forma de se posicionar diante das questões que são colocadas”, detalhou Flávia Azaro.
Foi interessante a Globo e a Record colocar pessoas famosas para participar, porque tem algo aí também de uma identificação de galgar um lugar, de se tornar famoso, isso que o brasileiro também traz muito forte, de talvez querer estar ali, de ter a chance de participar. São pessoas anônimas que, de repente, ficam famosas.
Outro ponto pertinente, segundo a profissional, é ver os famosos e como eles agem diante de uma rotina. “Essa parte é bem interessante, esse debate sobre comportamento humano. Para a gente que é da área de psicologia é tipo um laboratório de pessoas dentro de um contexto, confinados e tendo que conviver. Isso é o mais interessante para a gente que estuda a mente e o comportamento humano”, finalizou.
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