PRÉ-HISTÓRICOS
Achado incrível na Amazônia muda tudo o que sabíamos sobre dinossauros
Pesquisadores da UFRR e da Unipampa investigam vestígios pré-históricos na Amazônia

Por Andrêzza Moura

Por muito tempo, os dinossauros foram associados a diversas regiões do Brasil, mas ninguém imaginava que eles também haviam deixado rastros na Amazônia. Sinais disso foram agora identificados por pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que comprovaram e registraram, pela primeira vez, indícios da presença desses animais pré-históricos há mais de 103 milhões de anos.
O achado foi possível graças à identificação de mais de dez pegadas da era Jurássico-Cretácea na Bacia do Tacutu, localizada em Bonfim, no norte de Roraima. Embora ainda não seja possível determinar exatamente a quais espécies pertenciam esses vestígios, as marcas revelam que diferentes grupos de dinossauros caminharam por ali, incluindo raptores, ornitópodes bípedes e herbívoros, e os xireóforos, conhecidos por sua armadura óssea no dorso.
A região amazônica sempre apresentou desafios para descobertas fósseis. As rochas locais são muito expostas e sofrem intemperização, um processo natural que desgasta e decompõe o material, dificultando a preservação de ossos e fósseis. Segundo o pesquisador Lucas Barros, que liderou a redescoberta, as pegadas foram preservadas porque estavam originalmente soterradas e endureceram ao longo do tempo.
“O Tacutu seria um vale com diversos canais de rios que fluíam juntos. Era um local com muita água e muita vegetação. Se você tem um vale com muita umidade, as barras do rio também ficarão úmidas. Após o animal fazer essa pegada, ela perde, com o tempo, a umidade e fica dura. Isso permite que ela resista ao processo de soterramento”, explica Barros, que recentemente, concluiu um mestrado sobre o tema na Unipampa.
O achado, na verdade, começou em 2014, durante uma atividade de campo de alunos de geologia da UFRR sob coordenação do professor Vladimir Souza. Na época, a universidade não tinha especialistas em paleoecologia nem equipamentos para analisar os vestígios, e a descoberta acabou sendo engavetada. “Se na época a gente divulgasse isso, viriam outras pessoas e tomariam a pesquisa para eles”, disse Souza.
O projeto foi retomado em 2021 por Lucas Barros, que, junto ao professor Felipe Pinheiro da Unipampa, transformou o estudo em tese de mestrado. Com o uso da fotogrametria, uma técnica que cria modelos 3D detalhados das pegadas, Barros conseguiu mapear os vestígios com alta precisão e identificar novos afloramentos. As informações são da Agência Brasil.
Leia Também:
Hoje, ele estima que centenas de pegadas ainda estejam espalhadas pela Bacia do Tacutu, incluindo áreas dentro da terra indígena Jabuti, onde quatro sítios já têm valor científico reconhecido. No entanto, o acesso a muitas pegadas em propriedades privadas ainda é limitado, já que alguns fazendeiros temem que novas pesquisas possam afetar a posse da terra ou gerar conflitos com o governo.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



