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COTA RACIAL

Baiana desafia universidade após ter cota negada em medicina: "Não sei quem sou"

Samille Ornelas contou sua história ao Portal A TARDE

Por Azure Araujo

28/07/2025 - 15:42 h
Samille Ornelas reivindica seus traços de negritude
Samille Ornelas reivindica seus traços de negritude -

Uma baiana teve o acesso à cota racial indeferido pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Samille Ornelas se identifica enquanto parda e estudava há anos sozinha com apostilas antigas e vídeos no YouTube com o objetivo de cursar Medicina. Após a decisão, Samille Ornelas decidiu por judicializar o caso.

Nascida em Itanhem, extremo sul da Bahia e atualmente vivendo em Niterói, a estudante foi aprovada no Sistema de Seleção Unificada (SiSU), em 2024, no curso de Medicina da UFF, por meio da política de cotas para pessoas pretas e pardas, mas foi impedida de ingressar no curso.

Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, a estudante contou sua rotina árdua de estudos e todo o processo da tentativa de reconquistar a vaga perdida.

Rotina de estudos

Samille Ornelas mantinha uma rotina longa e exaustiva que tentava conciliar com jornadas de trabalho em regime de 12x36. Isso porque, a estudante trabalhava na área da Biomedicina, curso em que foi aprovada no Programa Universidade Para Todos (Prouni).

UFF recorreu à 2ª instância para contestar cota de estudante
UFF recorreu à 2ª instância para contestar cota de estudante | Foto: Andrevruas/ via Wikimedia

“Eu estudava nos meus horários de folga e nos meus intervalos entre um atendimento e outro, e levantava umas duas horas antes de sair do trabalho”, declarou a estudante que atualmente está desempregada e conta com o apoio dos tios que a sustentam.

Descoberta da matrícula indeferida

Ainda em primeira instância, Samille Ornelas, conseguiu garantir novamente a matrícula. No entanto a UFF recorreu em segunda instância e desconsiderou provas apresentadas, como um laudo antropológico que atesta o fenótipo da estudante como parda, além da documentação do Prouni, que a estudante concorreu na mesma modalidade de cota.

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A estudante percebeu que a matrícula não foi concluída quando tentou acessar o restaurante universitário, mas foi impedida.

Eu só fui comer no refeitório com os meus colegas, então ao entrar no refeitório eu tive o acesso negado. E aí o aplicativo mostrava que eu não tinha nenhum vínculo com a universidade
Samille Ornelas - Estudante

Golpe

Prestes a tentar novamente fazer a prova do Enem de 2024, já sem esperanças de conseguir a vaga, Samille Ornelas, caiu em um golpe de estelionatários que se passaram pelo juíz e fraudaram a solicitação de honorários.

“Eu paguei para eles os valores dos honorários e todas as coisas que eles me cobravam”, pontuou a estudante que informou ter ficado seis pontos abaixo comparada à prova anterior devido ao momento turbulento que passou.

Estudante foi aprovada em Medicina no SiSU, em 2024
Estudante foi aprovada em Medicina no SiSU, em 2024 | Foto: Arquivo Pessoal

Decisão final

Após a liminar expedida pelo juíz que obrigava a UFF efetuar a matrícula de Samille Ornelas, a estudante conseguiu recuperar sua vaga, mas ela só poderá entrar no curso em 2026 e agora desamparada e com prejuízo, teme por perder um ano inteiro de vida acadêmica.

“É tão estranho escolher foto nossa para provar identidade. Eu me sinto corrompida, como se eu fosse uma mentira. Vejo minhas fotos e não consigo saber quem eu sou”, disse a estudante que também relatou estar em transição capilar desde 2022, pois fazia progressiva desde os 13 anos de idade para deixar o cabelo liso.

Atualmente, Samille Ornelas reivindica traços de sua negritude como o cabelo cacheado. “Eu não conseguia sair de casa com ele natural. Sempre fazia uso de secador e chapinha. Agora tento manter minha identidade real sem medo”.

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Tags:

cota racial medicina prouni Samille Ornelas Sisu

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