BRASIL
Governo lança novo leilão verde para ampliar investimentos na Amazônia
Instituições financeiras poderão captar recursos do governo a uma taxa de 1% ao ano

Por Isabela Cardoso

O Governo Federal anunciou, durante a COP30, a quarta edição do leilão Eco Invest Brasil, iniciativa voltada a ampliar a participação do capital privado em projetos sustentáveis. O novo certame, previsto para janeiro de 2026, pretende direcionar recursos para biotecnologia, turismo ecológico, bioeconomia e infraestrutura na Amazônia Legal, reforçando a estratégia de financiar atividades de baixo carbono por meio do Fundo Clima.
Nessa edição, instituições financeiras poderão captar recursos do governo a uma taxa de 1% ao ano, bem abaixo dos 15% da taxa Selic. Em troca, devem apresentar propostas de alavancagem no mercado financeiro. Para vencer, os bancos precisam garantir que multiplicarão o empréstimo inicial em pelo menos quatro vezes.
Fontes ligadas ao planejamento apontam que a expectativa é atrair entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões, sendo que ao menos 60% desse montante deve vir de investidores internacionais. Os valores alavancados poderão abastecer diretamente projetos elegíveis ou ser direcionados a fundos especializados nos setores contemplados pelo leilão.
Modelo reduz risco e estimula projetos de maior impacto
O desenho da política busca reduzir o risco para os bancos que financiarem iniciativas inovadoras e, muitas vezes, arriscadas, como os projetos de bioeconomia. Com custo de captação quase simbólico, as instituições podem emprestar a taxas de mercado, ampliando a margem de segurança.
Além disso, o governo permitirá que bancos vencedores acessem um complemento extra: até 20% da alavancagem obtida no mercado privado poderá ser captada diretamente do governo e aplicada em ativos sem risco. O ganho dessa fatia poderá compensar eventuais perdas iniciais e financiar assistência técnica ou infraestrutura para empreendimentos verdes.
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Setores prioritários e foco na Amazônia Legal
Os investimentos contemplados devem alcançar sete áreas estratégicas:
- Bioeconomia
- Restauração e manejo florestal
- Bioindustrialização
- Turismo ecológico
- Turismo de base comunitária
- Infraestrutura aquaviária e portuária
- Infraestrutura habilitante, como energia elétrica, internet e gestão de resíduos
Pelas regras, no mínimo 25% dos recursos precisam ser aplicados na Amazônia Legal. Também está definido que ao menos 10% da captação deve ser destinada à bioeconomia, enquanto restauração florestal poderá receber no máximo 40%.
Expansão de uma política de financiamento verde
A iniciativa é parte de um pacote mais amplo para impulsionar a transição ecológica no país. O primeiro leilão, lançado em 2023, mobilizou R$ 37,5 bilhões ao reduzir custos de proteção cambial em projetos verdes.
O segundo, anunciado em abril, financiou R$ 13,7 bilhões para recuperação de áreas degradadas. Já o terceiro, previsto para dezembro, deve direcionar investimentos a startups de inovação sustentável.
O anúncio do quarto leilão foi feito no pavilhão brasileiro da COP30, com participação remota do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"Nós aguardamos a COP justamente porque essa quarta edição tem foco na Amazônia; a ideia é justamente demonstrar que a floresta em pé tem mais valor do que ela devastada", afirmou.
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