ESPERANÇA
"Insuportável": jovem tenta tratamento final para 'pior dor do mundo'
As dores da neuralgia do trigêmeo são comparadas a choques elétricos e até a facadas
Por Da Redação
A estudante mineira Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, doença da "pior dor do mundo", foi internada nesta segunda-feira, 8, para passar por tratamento que busca reduzir as dores constantes e intensas que ela sente.
A estudante de medicina veterinária ainda não descarta eutanásia no exterior, mas disse, em entrevista ao G1, que pode reavaliar decisão a depender do resultado do tratamento. De acordo com a jovem, o médico intervencionista da dor e diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas, Carlos Marcelo, se ofereceu para ajudá-la após a repercussão do caso. A estudante chegou a arrecadar mais de R$ 80 mil para fazer eutanásia.
"Diante da repercussão do meu caso, o médico se disponibilizou a realizar alguns tratamentos a custo zero. Já estou internada e a proposta é que ele me induza ao sono para 'reiniciar o meu cérebro'. Vou ficar na UTI e dentro de até 20 dias ele vai avaliar o procedimento a ser feito, podendo ser radiofrequência, bomba de morfina ou a implantação de um eletrodo. O método vai depender da minha resposta", explicou Carolina Arruda.
Entenda a dor
As dores da neuralgia do trigêmeo são comparadas a choques elétricos e até a facadas. Ainda de acordo com Carolina, se bem sucedido, o tratamento poderá diminuir as dores em até 50%.
Mesmo tendo passado por mais de 50 médicos e diversos procedimentos médicos, a moradora de Bambuí aceitou mais uma tentativa de tratamento. Contudo, ela ainda mantém a campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça.
"O processo da eutanásia/suicídio assistido é muito burocrático, demora muito tempo. Estimo que deve levar dois anos para conseguir a documentação. Então, por isso, eu estou fazendo os tratamentos para as dores para que, nesse período que aguardo a burocracia, eu tenha o mínimo possível de dor. Isso não quer dizer que eu vá desistir da eutanásia, tudo vai depender dos resultados", disse a jovem.
Como tudo começou
Carolina Arruda mora em Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, e é estudante de medicina veterinária. Casada há três anos e mãe de uma menina de 10, Carolina começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.
O diagnóstico que Carolina Arruda sofre da 'pior dor do mundo' foi feito há 7 anos pelo neurocirurgião Marcelo Senna, que tem mais de 30 anos de experiência com a neuralgia do trigêmeo. Senna foi procurado por Carolina, à época com 20 anos, quando ela já convivia com as dores há quatro anos e já tinha passado por vários médicos.
Entenda a doença
A neuralgia do trigêmeo, também conhecida como a "doença do suicídio", e comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano. Ele leva esse nome porque se divide em três ramos: oftálmico; maxilar, que acompanha o maxilar superior e o ramo mandibular, que acompanha a mandíbula ou maxilar inferior.
A doença normalmente atinge um lado do rosto. Em casos mais raros, pode atingir os dois — como é o caso da estudante de veterinária.
Segundo os especialistas, a dor causada pela doença é uma das piores do mundo. Ela não é constante fora das crises, mas é disparada por alguns gatilhos que, na verdade, fazem parte das vida cotidiana como falar, mastigar, o toque durante a escovação ou barbear e até com a brisa do vento sobre o rosto.
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