CARNAVAL
Saída do Ilê Aiyê emociona baianos e turistas há 50 anos
Ator Evaldo Macarrão chorou ao subir a Ladeira do Curuzu
Por Andrezza Moura

A saída do Ilê Aiyê, na noite de sábado de Carnaval, no bairro da Liberdade, é sempre marcada pela emoção e pelo orgulho. Centenas de pessoas se concentram em frente ao Terreiro Ilê Axé Jitolu para acompanhar o Mais Belo dos Belos subir a Ladeira do Curuzu. Já são 50 anos de existência e de resistência.
O ator Evaldo Macarrão diz que desfila no Ilê Aiyê há 15 anos e que é sempre a mesma emoção. "São 15 anos de Curuzu, 15 anos de Ilê Aiyê. E parece que é sempre a primeira vez. Eu tô muito emocionado, é muito lindo o IlêAiyê. Porque é de uma revolução crucial pra nós pessoas pretas, se enxergar pessoas pretas, na possibilidade de viver com dignidade. É o Ilê Aiyê que diz isso pra gente, sabe? Que a gente merece viver com dignidade, ser enxergado como gente", disse ele, chorando.
Entre os foliões, que também foram acompanhar a saída do bloco, estavam os amigos Mônica Rosário, Márcio Santos e Solange Costa [Foto de capa]. Márcio e Solange já são veteranos no Ilê. Mas, esta é a primeira vez que Mônica está desfilando.
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"Meu primeiro ano de Ilê, depois de muitos e muitos anos de desejo. É muito bom, muito bom, é pleno, estou muito feliz", declarou a professora Mônica.
"Eu sou Márcio Santos, filho de Xangô com Oxum Apará, nascido e criado dentro do terreiro de Oxumaré, entendeu? E esse aqui é o Carnaval que não existe em outro mundo, só nesse. E o Ilê é minha vida, o Ilê é minha religião, o Ilê é minha nação, entendeu? É o compasso, o respeito e a gratidão ao povo negro sofrido, humilhado, escravizado, então, Ilê é tudo, tem que ter respeito, e o respeito tem que ser eterno", expressou Márcio.

Solange também não esconde o orgulho de fazer parte da história de resistência do Mais Belo dos Belos. São mais de dez anos de Carnaval. "Eu amo! Tinha ficado um tempo sem sair, agora voltei com tudo! É maravilhoso ver esse povo lindo saindo assim... é de arrepiar! É muito emocionante! Eu amo, amo, amo, amo!", disse.
A saída do bloco é sempre um momento aguardado não apenas pelos integrantes, mas também pela comunidade local e os turistas que visitam Salvador. A paraense
Cássia Curi era desses visitantes. Pela primeira vez no Carnaval de Salvador, disse que estava encantada com a beleza e a força do Ilê Aiyê. "Ah, é tudo muito bonito, né? A comunidade toda participando, a beleza das mulheres, falou ela, ainda em êxtase.
Para o ator e diretor Elísio Lopes Júnior, ex-diretor da Noite da Beleza Negra, o Ilê Aiyê não é apenas um bloco de carnaval, é uma afirmação de identidade, uma forma de reivindicar espaço e visibilidade em um cenário, muitas vezes, marcado por desigualdades. Como exemplo dessa desigualdade, ele citou a escolha dos 40 anos do Axé Music, como tema do Carnaval deste ano.
"Esse carnaval não é, para mim, dos 40 anos do Axé. Esse carnaval é dos 50 anos do Ilê, porque sem o Ilê, sem a percussão preta da Bahia, não existiria o Axé. Então vamos comemorar quem veio antes", finalizou Júnior.
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