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CINEMA NACIONAL

Crianças com deficiência visual vão ao cinema em sessão adaptada

Panorama encerrou edição com ações voltadas a estudantes de escolas públicas e ao Instituto de Cegos da Bahia

Por Beatriz Santos

09/04/2025 - 21:18 h
Jovens, familiares e profissionais do Instituto de Cegos da Bahia participam de sessão acessível no Panorama Coisa de Cinema
Jovens, familiares e profissionais do Instituto de Cegos da Bahia participam de sessão acessível no Panorama Coisa de Cinema -

Com mais de 110 filmes e diversas atividades culturais, a 20ª edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema se encerrou nesta quarta-feira, 9, em Salvador, com destaque para o projeto “A escola vai ao cinema”, que ofereceu sessões acessíveis e gratuitas a estudantes da rede pública e pessoas com deficiência visual, reafirmando o compromisso do festival com a democratização cultural.

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Durante os oito dias do festival, o Cine Glauber Rocha não foi apenas palco de filmes nacionais e internacionais — foi também cenário de encontros, aprendizado e inclusão. Este ano, o projeto “A escola vai ao cinema” levou centenas de jovens da rede municipal e cerca de 40 pessoas do Instituto de Cegos da Bahia (ICB) para dentro da sala escura, muitas delas pela primeira vez.

Cinema com acessibilidade

Cerca de 40 pessoas atendidas pelo Instituto de Cegos da Bahia (ICB) participaram de uma sessão especial no Cine Glauber Rocha, marcada pela inclusão e pelo sentimento de pertencimento, dentro da programação do Panorama Internacional Coisa de Cinema.

Com audiodescrição — recurso que traduz imagens em palavras —, os curtas 'O Sonho de Clarice', de Fernando Gutierrez, e 'Tsuru', de Pedro Anias, foram projetados para o público cego e com baixa visão. A iniciativa emocionou as famílias presentes e reforçou o valor da acessibilidade no audiovisual.

“Preparamos uma sala exclusiva, com profissionais capacitados, um filme com audiodescrição, tudo pensado para acolher essa comunidade”, explicou Tiago Zanette, coordenador dos projetos de inclusão do festival. “Essa ação já acontece há alguns anos e é uma das formas que encontramos para garantir o acesso ao cinema para todos.”

Lilian Cristiane Pereira, assistente social do ICB, celebrou o momento. “Foi muito importante e gratificante, principalmente por ser voltado a um público que tem mais dificuldade de acessar eventos como este. Muitas dessas famílias são de baixa renda, e nem sempre têm recursos para ir ao cinema. Garantir esse direito é essencial.”

Ela afirmou ainda que a parceria com o festival deve continuar nos próximos anos. “O Glauber Rocha nos recebeu muito bem. Já estamos encaminhando uma nova ação para o ano que vem. Para nós, isso tem sido fundamental, principalmente por reforçar nosso trabalho com acessibilidade e inclusão.”

Para Elisabeth Castro, mãe de Miguel — um dos participantes —, a experiência foi mais que especial: foi transformadora. “É muito importante para ele, para que possa entender e compreender o mundo do jeito dele — e não do nosso.” Já a reação de Miguel foi imediata. Ao sair da sala, sorriu e disse que “gostou muito do filme”.

“É raro encontrar cinemas que ofereçam esse tipo de oportunidade. Isso precisa ser uma prioridade”, reforçou Elisabeth.

Elisabeth Castro e Miguel
Elisabeth Castro e Miguel | Foto: Beatriz Santos

Estudantes conhecem o cinema baiano

Enquanto isso, quase 100 estudantes de três escolas municipais — Hildete Bahia, Dona Arlete Magalhães e Antônio Carvalho Guedes — assistiram a uma exibição especial do documentário 'A Bahia Me Fez Assim', de Sérgio Machado. O filme, que só chega ao circuito comercial em novembro, apresenta encontros entre artistas baianos de diferentes gerações e mostra os bastidores do fazer musical no estado.

Evani Pugas e alunas da Escola Municipal Dona Arlete Magalhães
Evani Pugas e alunas da Escola Municipal Dona Arlete Magalhães | Foto: Beatriz Santos

Para muitas crianças, a ida ao Glauber Rocha foi a primeira experiência em uma sala de cinema. “A ideia é que eles tenham essa vivência fora dos muros da escola, o que é muito importante”, afirmou Evani Pugas, secretária da Escola Dona Arlete Magalhães.

“Eles esperavam um filme comum, com trilha sonora, mas se depararam com um documentário que fala sobre a musicalidade da cidade. Isso é muito válido para eles. Passam a enxergar como é feito todo esse processo musical da nossa cidade”, completou.

O impacto da sessão ficou visível nas falas das estudantes: “Nossa, a experiência está sendo muito boa. Saber como as músicas são criadas, como são escritas e escutar um pouco dessas músicas também é muito bom”, comentou Tássia Costa.

Stefany Cerqueira, da escola Hildete Bahia, afirmou: “Eu gostei da experiência. Achei muito legal conhecer um pouco sobre a nossa cultura. É um dos primeiros documentários que eu assisto.”

Jenifer Rodrigues completou: “Eu adorei. Achei muito massa o filme.”

Já Thaiane Azevedo revelou: “Nunca tinha assistido a um documentário na minha vida. E esse que eu assisti, eu gostei bastante, por falar da música, falar sobre a nossa cultura, falar sobre tudo.”

Stefany Cerqueira, Jenifer Rodrigues e Thaiane Azevedo
Stefany Cerqueira, Jenifer Rodrigues e Thaiane Azevedo | Foto: Beatriz Santos

Desde 2015, o projeto 'A escola vai ao cinema” já levou mais de 3 mil pessoas às salas de exibição, sempre com pipoca, refrigerante e acompanhamento de professores e monitores. As sessões são escolhidas com base em temas e classificações indicativas.

“A maior contribuição é fomentar essa ideia de uma produção nacional, em que eles possam se ver e se reconhecer na tela, com atores baianos e brasileiros”, explicou Tiago Zanette. “É um cinema feito por nós e para nós.”

Alunos participam do projeto “A escola vai ao cinema”
Alunos participam do projeto “A escola vai ao cinema” | Foto: Beatriz Santos

Para Cláudio Marques, cineasta e um dos idealizadores do festival, a importância desse tipo de ação é enorme. “A gente acredita que toda criança entre 8 e 10 anos de idade deve frequentar a sala de cinema pelo menos três ou quatro vezes por ano. É assim que estamos formando público, diversificando o olhar da nossa juventude, mostrando que o cinema vai muito além dos blockbusters.”

“Estamos mostrando que há acessibilidade, que há outras formas de fazer cinema. E que todos os jovens — de escolas públicas e privadas — devem ter esse acesso. O cinema não pode ser privilégio de poucos”, finalizou Marques.

*Sob supervisão de Bianca Carneiro

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