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Acréscimos

Por Luiz Teles

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 01 de julho de 2024 às 13:40 h | Autor: Luiz Teles

É bom, mas é pouco

Confira a coluna do jornalista Luiz Teles

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Judoscas brasileiras dutante competição
Judoscas brasileiras dutante competição -

O Governo da Bahia lançou durante a semana mais um edital dos Programas FazAtleta e Bolsa Esporte. O Faz Atleta 2024 concederá, no total, R$ 10 milhões em isenção fiscal de até 80% do ICMS (com desconto máximo de 5% do total) para as empresas instaladas na Bahia que queiram apoiar, com recursos financeiros, projetos ou eventos esportivos. Já o Bolsa Esporte 2024 terá R$ 3,4 milhões aportados para atender até 209 atletas, que podem investir os valores em treinamento e participação em competições regionais, nacionais e internacionais.

Cada um à sua maneira, eles funcionam consistentemente como ótimos incentivos de ordem pública para o fomento do esporte no estado. Para muitos atletas baianos, e que por aqui residem, trata-se de uma soma substancial para que possam se desenvolver em suas modalidades.

Contudo, entendo que esse tipo de política pública para o esporte deveria ser complementar a um projeto mais amplo, que trataria o fomento ao esporte também como política se saúde pública, sobretudo em suas vertentes de lazer e educacional. A natureza do FazAtleta e do Bolsa Esporte contempla muito mais o esporte de alto rendimento (ou atletas que aspiram o profissionalismo) do que o esporte de base, escolar ou de lazer.

Tenho convicção de que olhar o esporte pelo prisma da educação e saúde deveria ser uma prioridade de qualquer governo em todo planeta. A ONU, por meio da Unesco, já apontou em um estudo divulgado no início da década de 1990, que para cada dólar gasto no esporte de base, três deixam de serem dispendidos na saúde.

E até mesmo para quem pensa apenas nas medalhas e sucesso do alto rendimento, a política de investimentos em escolas e estruturas públicas é a única maneira de fazer do Brasil uma potência olímpica. Já há um bom tempo, o que fazemos é vitaminar os bons atletas que já temos, sem muito trabalhar para que a base de talentos cresça e se qualifique.

Não é uma ‘falha’ específica da Bahia, mas de praticamente todos os estados do país. As leis de incentivo que ajudam a financiar o esporte profissional, as bolsas e os programas das Forças Armadas são importantes e necessários, mas negligenciar a base é um pecado, porque nosso sonho de disputar o topo do quadro de medalhas mundial hibernará enquanto não tivermos atletas em abundância (como ocorre com o futebol).

Segundo o Censo Escolar 2023, no Brasil, escolas que possuem quadras e materiais adequados para as aulas de educação física somam apenas 40,6% das instituições de educação básica. Nas escolas estaduais baianas, esse número é melhor, de 65,9%, mas no âmbito dos municípios baianos, que somam quase 15 mil das cerca de 19,5 mil escolas do estado, a porcentagem de instituições com quadras é absurdos 16%. E quantas praças nós temos com condições decentes de práticas esportivas? Quantos ginásios? O número é ínfimo.

A falta de cultura esportiva nas escolas e na população tem várias consequências. Primeiramente, há uma preocupação com a saúde física das pessoas, que estão mais propensas a apresentarem problemas de obesidade, sedentarismo e outros relacionados à falta de atividade física. Além disso, o esporte é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de habilidades sociais, como a capacidade de trabalhar em equipe, de liderança e de resolução de conflitos.

O trabalho de incentivo ao esporte de alto rendimento é louvável, mas a Bahia precisa de um programa ‘intersecretarial’, que realmente atenda à maioria da população, que envolva as pastas esporte, saúde e educação. É uma pauta urgente, mas que, aparentemente, não ganha voto nem holofote.

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