Imagine
Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970
Durante a final do vôlei de praia feminino nas olimpíadas entre Brasil e Canadá, duas jogadoras entraram em atrito e, imediatamente, o DJ, colocou a maravilhosa música Imagine de John Lennon, que já tinha sido tocada na cerimônia de abertura. Todos sorriram e cantaram a música na arena. A partida continuou em paz. Deveriam fazer o mesmo nos jogos de futebol no Brasil e na América do Sul. Pelo menos, determinar que somente o capitão pudesse conversar com o árbitro, como ocorreu na ultima Eurocopa.
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Imagine uma partida de futebol no Brasil com poucas faltas, jogadas em ótimos gramados, com excelentes árbitros e calendário, com o VAR mais rápido e menos intervencionista e com treinadores menos agressivos, que respeitem mais os árbitros e auxiliares e com dirigentes que se preocupam com a qualidade do espetáculo. Seria outro futebol.
Abel Ferreira disse que seu gesto foi inconsciente e que não queria ofender a ninguém. Todas as pessoas de variados setores costumam dar esta desculpa. A culpa é do Freud. Todos nós somos responsáveis pelas nossas ações e impulsos conscientes e inconscientes.
Imagine se os árbitros soubessem diferenciar o óbvio em uma disputa pela bola, quando o braço com o movimento do corpo toca involuntariamente o adversário, de uma ação agressiva, de um braço na face de outro jogador. A expulsão de um jogador do Botafogo na partida contra o Bahia e a não expulsão de Pulgar do Flamengo, foram erros graves de dois árbitros. A maioria não sabe também separar o que é pênalti quando a bola toca em um braço.
Imagine se o Fluminense, que enfrentou ontem o Grêmio pela Libertadores, tivesse um treinador que unisse a ousadia e a busca pelo gol de Fernando Diniz com o pragmatismo e a obsessão de Mano Menezes pela segurança. Seria um técnico especial.
Imagine se o jovem e excelente treinador Seabra do Cruzeiro fosse um vidente para saber qual a melhor opção na escalação da equipe nos próximos jogos, já que chegaram vários jogadores. O elenco ficou mais forte, porém com exceção do excepcional goleiro Cassio, os novos contratados são bons, mas de nível técnico parecidos com os que o Cruzeiro já tinha.
Imagine se alguns times brasileiros, como o Inter, tivessem elencos tão bons como diziam. Independentemente do jogo de ontem do Atlético-MG contra o San Lorenzo da Argentina pela Libertadores, o Galo melhorou o time com as chegadas de um bom zagueiro (Alonso) e de um bom meio-campista (Alan Franco).
Imagine se o futebol tivesse um manual de como organizar melhor um time para vencer e se tudo que fosse ensaiado acontecesse na pratica, sem surpresas, acasos. Seria muito chato. A tendência cada vez maior é utilizar a diversidade, saber o momento de alternar o futebol mais cadenciado com aceleração para chegar ao gol.
Imagine se o Botafogo acrescentasse ao seu estilo de muita força e velocidade o jogo de mais troca de passes, de mais pausas em direção ao gol. Seria ainda melhor. A contratação do brilhante jovem Almada, poderá ser um avanço individual e coletivo. Como disse a comentarista Renata do SporTV, a seleção brasileira feminina foi muito bem nas olimpíadas, mas faltou contra o EUA mais aproximação das jogadoras para fazer triangulações e envolver a equipe americana.
Imagine, se todos nós aprendêssemos a conhecer e a respeitar os círculos e segredos do tempo, do corpo, da alma e da vida, o instante de realizar e de imaginar.