O vidente Dorival Junior
Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

Independentemente da atuação e do resultado do jogo de terça-feira(20) à noite contra o Paraguai, a Seleção Brasileira, mesmo com algumas deficiências individuais e coletivas, está no grupo das candidatas ao título mundial em 2026, já que outras principais seleções também apresentam problemas, como a Espanha, Inglaterra, França, Alemanha e Portugal, além da Argentina, campeã do mundo.
O Equador é um adversário difícil para qualquer seleção do mundo, como foi contra o Brasil, mas isso não justifica as deficiências da equipe brasileira contra os equatorianos. É preciso evoluir, jogar bem e de uma maneira prazerosa, convincente.
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Seja qual tenha sido a atuação e o resultado do jogo de ontem contra o Paraguai, os times e a Seleção Brasileira necessitam se reinventar e apagar as condutas antigas ultrapassadas, como a pratica de dividir o meio campo até o ataque entre o camisa 5, o camisa 8, o camisa 10 e o camisa 9, além dos dois pontas. Tudo certinho, burocrático, como no jogo contra o Equador. Espero que ontem contra o Paraguai tenha sido diferente.

Cada vez mais, nas principais equipes do mundo não há esta separação. Geralmente elas jogam com um volante centralizado, que marca, inicia as jogadas com um bom passe e às vezes avança para finalizar, além de um meio-campista de cada lado, que atuam de uma intermediaria a outra e que participam regularmente das jogadas ofensivas. São camisa 8 e camisa10. Os times são compactos e não há espaços para um clássico meia atacante, camisa 10, que joga perto do centroavante e do gol, sem participar da marcação.
O Manchester City não tem um clássico camisa 8 nem 10 e quando Haland não joga , não tem também o camisa 9, pois o time passa a atuar sem centroavante fixo.
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Contra o Equador, Vinicius Júnior atuou como um ponta esquerda, fixo, isolado e foi facilmente marcado. Lembrou-me a eliminação para a Croácia na Copa de 2024. Espero que ontem contra o Paraguai tenha sido diferente. No Real Madrid, Vini é um atacante, e não um ponta. O Real costuma atrair o adversário e aproveitar a velocidade e o talento de Vinicius com bolas lançadas nas costas do lateral e dos zagueiros.
Ter dois pontas abertos, rápidos, dribladores, é uma ótima conduta em certas situações, pois os laterais adversários se posicionam muito abertos e com isso aumentam os espaços pelo centro. Por outro lado, os pontas dribladores são mais marcados e as equipes com dois pontas passam a ter um jogador a menos no meio campo, na armação e na marcação.

Pontas canhotos, hábeis, que jogam pela direita e que driblam para o centro, viraram epidemia no futebol mundial. Na seleção brasileira, quatro têm sidos chamados: Savinho, Raphinha, Luiz Henrique e Estevão, embora, contra o Paraguai, tenha jogado Rodrygo, destro e que dribla pelos dois lados. Vários pontas canhotos brilham pela direita na Europa, como Lamine Yamal, na Espanha, Saka na Inglaterra.
Tudo é incerto. O único que tem certeza é Dorival Junior, que afirmou, antes do jogo contra o Paraguai, que o Brasil estará na final da Copa de 2026. Foi surpreendente, uma ousadia do prudente e agora vidente técnico. Tomara que esteja certo.